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17/04/2008 00:00:00

Saúde


Saúde

O título aí de cima soou estranho para você? Pois não houve erro, é isso mesmo. Um grupo de médicos americanos anunciou nesta quarta-feira (16) a descoberta de uma nova doença neurológica, que causa inflamação nos nervos, dor intensa e dificuldade de movimentos. Extremamente rara, a enfermidade parece só atingir pessoas que trabalham na extração de cérebros de porco e respiram sem qualquer proteção.

Eu sei o que você está pensando. “Mas por que diabos alguém ia querer extrair o cérebro de um porco?” Bom, embora pareça meio esquisito, o cérebro suíno é alimento em muitos países da Ásia. No Ocidente, é extremamente raro você ver esse tipo de prato no cardápio, mas algumas fábricas de processamento de carne suína nos Estados Unidos exportam cérebros para o mercado asiático. E foram nelas que os primeiros casos, detectados recentemente, começaram a aparecer.

A doença ainda não tem nome “oficial”. Os médicos se referem a ela como “neuropatia inflamatória progressiva”. “Sabemos que não é um nome dos melhores, mas é tudo o que sabemos até agora. Com certeza teremos um nome no futuro, apenas não sabemos qual será”, explicou um dos autores da descoberta, o neurologista Daniel Lachance, da Mayo Clinic, em Rochester, nos EUA.

 

 Respirando picadinho

A investigação sobre a enfermidade ainda está em andamento, mas os médicos já s

sabem algumas coisas. Ela é causada pela exposição ao processamento de carne de cérebro suíno através de ar comprimido e parece surgir quando pequenos pedaços do tecido cerebral entram em contato com o organismo humano. A única possibilidade de isso acontecer, uma vez que os funcionários usam luvas e não comem a carne, é pela respiração.

Os sintomas surgem rapidamente, em questão de semanas. “Tenho um caso de uma mulher que nunca trabalhou, apenas criou os filhos. Ela decidiu procurar um emprego e começou a trabalhar na extração de cérebros em setembro. Em semanas, ela apresentou os primeiros sintomas. Em dezembro, já estava em tratamento comigo”, diz Lachance.

Em comum, todos os pacientes relataram dor intensa, fraqueza e fadiga. Além disso, eles apresentaram formigamento e falta de sensibilidade nos braços e pernas. Os sintomas, segundo a equipe de Lachance, surgem porque a doença inflama os nervos da coluna. A inflamação, por sua vez, surge como uma resposta do sistema imunológico à exposição ao cérebro suíno.

 

 Casos nos EUA

Ao todo, 18 casos da doença foram localizados em uma fábrica no estado americano de Minnesota. Há outros seis casos suspeitos, sob investigação, cinco em uma fábrica em Indiana e um no Nebraska. Das 18 pessoas afetadas, metade são mulheres e metade homens, com idades que variam dos 20 aos 54 anos. A única coisa em comum que os pacientes tinham era o fato de todos trabalharem no mesmo local.

De acordo com o levantamento feito pelo governo americano, essas parecem ser as únicas unidades que fazem retirada de cérebros no país. O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos está trabalhando com a Organização Mundial de Saúde para encontrar outras fábricas em outros países. “É um procedimento extremamente raro”, explicou o neurologista do CDC, James Sejvar.

As análises iniciais indicam que não há qualquer perigo no consumo de carne de porco, nem mesmo do cérebro. A doença parece surgir apenas em casos de exposição direta ao processo de extração. Também não há indícios de que exista contaminação de pessoa para pessoa, nem de que os animais estivessem doentes antes do abate.

“Ainda sabemos muito pouco, mas estamos investigando. Daqui a alguns meses poderemos ter coisas completamente novas”, disse Lachance.

com G1



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