Em Arapiraca, atualmente, existem somente quatro profissionais em atuação. Um desses profissionais é seu Genival Ramos dos Santos (48), que há 22 anos trabalha fotografando pessoas. Identificá-lo no calçadão do comércio é bastante fácil, pois basta avistar no meio das pessoas um guarda-sol sob um caixote de madeira com uma lente em fole de um lado e o tradicional pano preto do lado oposto.
A diminuição das possibilidades profissionais dos lambe-lambes não está associada à ausência de importância desses profissionais. Essenciais no desenvolvimento da fotografia no Brasil, esses fotógrafos colaboraram com seu saber técnico e com sua imensa capacidade de improvisação. De acordo com pesquisas realizadas, muitas técnicas e recursos implementados nas câmeras modernas e de alta potência foram descobertas pelos lambe-lambes.
No estúdio improvisado do fotógrafo lambe-lambe arapiraquense, o cliente ainda conta com um pente para arrumar os cabelos e um pequeno espelho, onde pode conferir o visual. Após a foto, todo mundo ainda sai com uma bala ou um chiclete, forma utilizada pelo fotógrafo para agradar aos clientes. Segundo seu Genival, várias gerações de arapiraquenses já foram clicadas por sua câmera, inclusive autoridades. “Aqui vem gente de todas as classes e níveis sociais. Até hoje um vereador da cidade é meu cliente fiel, independente da modernidade, ele sempre preferiu os lambe-lambes”, disse o fotógrafo.
Uma das pessoas que também não abre mão da fotografia dos lambe-lambes é o autônomo Claudemir Pereira Barbosa que, no meio da entrevista de nossa reportagem, chegou para se fotografar. “Desde pequeno tiro fotos em lambe-lambes. Enquanto esses profissionais existirem sempre farei minhas fotos com eles e não acho nada constrangedor tirar foto no meio da rua”, afirmou Claudemir.
com alaemteporeal // adalberto custódio