A ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (1º). Matilde é suspeita de usar indevidamente o cartão corporativo, dado a altos funcionários do Poder Executivo para pagar despesas durante eventos e viagens oficiais.
"Solicito meu desligamento do governo", afirmou a ministra em entrevista coletiva. "Assumo o erro. É um erro administrativo que pode e deve ser corrigido", completou.
Só em 2007, segundo o site oficial da Presidência da República que detalha os gastos de cada detentor do cartão, Portal da Transparência, ela gastou mais de R$ 170 mil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aceitou o pedido de Matilde, ainda não decidiu quem ocupará seu lugar.
Matilde justificou os altos gastos com o cartão corporativo devido à falta de estrutura da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. "Os gastos partiram da dificuldade de transporte e hospedagem fora de Brasília", explicou a ministra.
O uso do cartão é restrito para necessidades administrativas e para gastos extraordinários e emergenciais que podem ser feitos sem abertura de licitação. Reportagem exibida nessa quinta-feira (31) pelo "Jornal da Globo" mostra que Matilde gastou, em 2007, quase R$ 120 mil apenas com aluguel de carros. O valor representa 70% de tudo o que a ministra gastou com o cartão no ano passado.
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, não quis falar sobre as denúncias que pesam sobre a ministra Matilde Ribeiro. "[O caso de] Matilde está sob análise da auditoria da CGU", limitou-se a dizer Hage nessa quinta a jornalistas.
Além de Matilde Ribeiro, outros ministros que efetuaram gastos com cartões no ano passado, segundo ele, foram: Altemir Gregolin (Secretaria de Aquicultura e Pesca), Reinhold Stephanes (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Orlando Silva (Esportes).
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou nessa quinta que o governo decidiu proibir, com algumas exceções, o uso do cartão corporativo para saques - o que era permitido até o momento.
Entre os órgãos que estão nas exceções - e que, portanto, poderão continuar efetuando os saques, classificados como "peculiaridades" - estão: Presidência e Vice-Presidência da República, Saúde, Fazenda, Polícia Federal e repartições do Ministério das Relações Exteriores fora do país.
Segundo Paulo Bernardo, as alterações nas regras serão implementadas por meio de decreto presidencial. Explicou, entretanto, que os ministros de estado também terão permissão para efetuar os chamados saques, mas limitados a 30% da dotação autorizada.
Com G1