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Guerra
06/10/2025 00:00:00

Perspectivas de Paz em Meio à Tensão em Gaza: Avaliando o Impacto do Plano de Trump e a Reação de Hamas

O futuro do conflito na região depende de negociações delicadas e das respostas de ambas as partes diante das propostas internacionais

Perspectivas de Paz em Meio à Tensão em Gaza: Avaliando o Impacto do Plano de Trump e a Reação de Hamas

O avanço do projeto de Trump para a estabilização em Gaza trouxe novos sinais de esperança, mas também revelou obstáculos complexos que podem impedir um acordo definitivo. Enquanto o governo israelense manifesta prontidão para aplicar a primeira fase do plano anunciado por Benjamin Netanyahu após sua visita a Washington, as incertezas permanecem prevalentes. A inexistência de um cronograma detalhado e as questões logísticas, agravadas pelos danos na Faixa de Gaza, dificultam a implementação de medidas essenciais, como o desarmamento do Hamas e a retirada das forças israelenses.

Os acordos anteriores de cessar-fogo, firmados durante o conflito, sempre tiveram duração curta, sendo retomados por Israel logo após alguns dias de trégua, com as hostilidades recomeçando rapidamente.

Após a solicitação de Trump para cessar as ações militares na região, residentes de Gaza relataram uma redução significativa nos bombardeios, embora tenham ocorrido ataques pontuais e explosões ocasionais. A declaração do presidente americano evidencia sua intenção de encerrar um conflito que já dura duas anos, buscando uma solução duradoura para a paz no Oriente Médio. Em suas redes sociais, Trump afirmou na última sexta-feira: "Este não é apenas um assunto de Gaza, trata-se de conquistar uma paz há muito desejada na região".

Apesar das tentativas anteriores de negociações de cessar-fogo — uma logo após o começo do conflito em 2023 e outra no início deste ano —, ambos os acordos duraram poucas semanas antes da retomada das hostilidades.

No entanto, a resposta do Hamas ao plano apresentado por Trump revela importantes lacunas. O grupo não esclareceu sua postura em relação à desmilitarização, um requisito fundamental do acordo de Trump, além de não assegurar sua disposição para libertar todos os reféns imediatamente. Mesmo com a aprovação de Netanyahu ao plano, a implementação de uma futura administração palestina sob controle técnico internacional permanece altamente condicional e contestada por sua rejeição anterior. As disputas também envolvem o momento adequado para a retirada israelense e a governança do território, além de outras questões delicadas.

Especialistas como Oren Setter, do Belfer Center de Harvard, destacam que a conquista de engajamento por Trump foi um avanço, mas não representa o encerramento do processo, que ainda está em fase inicial.

O documento de Trump não trouxe um cronograma detalhado, limitando-se a afirmar que a guerra cessaria assim que ambas as partes aprovassem o acordo, sem definir claramente o momento em que começaria o prazo de 72 horas para a libertação de reféns, uma vez que Netanyahu já havia concordado com o cronograma dias antes do Hamas responder.

Do lado logístico, o retorno dos reféns vivos pode ser relativamente simples, mas a recuperação dos corpos de vítimas mortais entre os escombros de Gaza pode levar mais tempo que alguns dias. Segundo fontes próximas ao Hamas, 48 reféns permanecem em Gaza, incluindo 20 que estão vivos, capturados em outubro de 2023.

Ambas as lideranças, israelense e palestina, parecem estar tentando projetar uma postura positiva perante Trump, embora cada uma enfrente seus próprios cálculos políticos. Netanyahu busca manter-se alinhado ao apoio dos Estados Unidos, enquanto o Hamas tenta equilibrar sua disposição de libertar reféns com suas prioridades estratégicas. Analistas indicam que a resposta do Hamas e sua abordagem de "sim, mas" servem para transferir a responsabilidade para os mediadores árabes, como Catar e Egito, além de outros países muçulmanos, que pressionam por uma solução rápida.

A análise da reação do Hamas ao plano de Trump revela que o grupo se comprometeu a libertar reféns tanto vivos quanto mortos, desde que atendidas suas condições específicas. Quanto à retirada, aceitou a ideia de uma retirada total de Israel do território, embora o plano oficial fale em retirada gradual. Quanto à governança futura, o Hamas declarou que pretende administrar Gaza através de uma autoridade palestina tecnocrática apoiada por entidades árabes e islâmicas, rejeitando a proposta de uma administração internacional liderada por Trump.

Por fim, o Hamas reafirmou sua condição de parte integrante de uma estrutura palestina mais ampla, sem comentar oficialmente sobre a desmilitarização, um tema considerado crucial pelo plano de Trump. As negociações continuam tensas, e o caminho para uma resolução definitiva ainda será marcado por desafios políticos e logísticos, enquanto a região aguarda uma decisão que possa finalmente encerrar o conflito de mais de dois anos.