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Saúde
05/10/2025 12:00:00

Entendendo a Enfermidade de Corpos de Lewy e Seus Impactos na Saúde Mental dos Idosos no Brasil

Diagnóstico recente de Milton Nascimento traz atenção para uma condição neurológica complexa e suas implicações

Entendendo a Enfermidade de Corpos de Lewy e Seus Impactos na Saúde Mental dos Idosos no Brasil

A confirmação do diagnóstico de demência por corpos de Lewy no artista Milton Nascimento, de 82 anos, despertou um interesse maior por essa enfermidade neurológica de difícil tratamento.

Ainda que não exista cura para o problema, há medicamentos específicos que podem diminuir os sintomas e atrasar o declínio cognitivo. Essa condição ocupa o terceiro lugar entre as formas mais comuns de demência, ficando atrás apenas do Alzheimer e da demência vascular.

Dados atuais indicam que entre 12,5% e 17,5% da população idosa brasileira podem estar afetados por ela, embora não haja números precisos. Segundo o neurologista André Felício, que lidera a pós-graduação em Neurologia na instituição Afya Educação Médica, o envelhecimento naturalmente traz uma deterioração cognitiva, mas isso nem sempre indica desenvolvimento de demência.

O diagnóstico torna-se necessário quando surgem dificuldades como lapsos de memória recentes ou problemas de concentração que interferem nas tarefas cotidianas. Manter a autonomia do indivíduo é considerado o aspecto mais importante na distinção entre quem apresenta demência e quem não apresenta. Além da doença de Lewy, várias outras condições podem comprometer a saúde cerebral de idosos.

Assim, a avaliação especializada é fundamental, envolvendo análise de sintomas, testes neuropsicológicos e exames de imagem. Estes últimos, como a ressonância magnética, permitem detectar perdas de volume cerebral, comuns na doença de Alzheimer, mas não na demência por corpos de Lewy.

Alterações na dopamina também são características da enfermidade, explicando sintomas semelhantes ao Parkinson, como os que Milton Nascimento apresentou, que já tinha diagnóstico de Parkinson há cerca de dois anos.

Embora as causas exatas da demência ainda estejam sendo estudadas, fatores de risco e de proteção são cada vez mais identificados. Felício recomenda práticas saudáveis, incluindo exercícios físicos, sono de qualidade e uma alimentação equilibrada, semelhante à dieta mediterrânea, que podem atuar como neuroprotetores.

Por outro lado, hábitos como consumo excessivo de álcool, sedentarismo e condições como hipertensão e diabetes podem aumentar a vulnerabilidade a esses distúrbios. Estudos recentes, como o conduzido pela Universidade de São Paulo, sugerem que até 60% dos casos de demência podem estar relacionados a fatores modificáveis.

Isso reforça a importância de um estilo de vida saudável, que além de melhorar o bem-estar geral, representa uma estratégia efetiva para proteger a saúde mental ao longo do envelhecimento.