A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra aliados de Jair Bolsonaro destaca o município de Olho d’Água do Casado (AL) como um dos alvos de um suposto plano para interferir no segundo turno das eleições de 2022. Abaixo, os principais pontos envolvendo o caso:
Resultados do Primeiro Turno: Lula obteve 85% dos votos (4.522 votos) no município, enquanto Bolsonaro recebeu apenas 9,83% (523 votos). Essa discrepância levou o local a ser identificado como estratégico para ações de reversão do favoritismo petista 35.
Mapeamento com Business Intelligence: A então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, solicitou a análise de municípios onde Lula superou 75% dos votos. Olho d’Água do Casado foi incluído por seu percentual "expressivo", considerado crítico para o plano de manutenção de Bolsonaro no poder 46.
Operações da PRF: Os dados coletados pelo analista Clebson Vieira (que manifestou "perplexidade" com as solicitações) foram usados para orientar ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno. A corporação, comandada por Silvinei Vasques, realizou blitz e bloqueios em estradas próximas a cidades com alta votação em Lula, especialmente no Nordeste 110.
Foco no Nordeste: A região concentrou 37 municípios mapeados, incluindo cidades como Ibimirim (PE), Araripe (CE) e Cocal dos Alves (PI). O objetivo era dificultar o deslocamento de eleitores pró-Lula 710.
Grupo "EM OFF": Mensagens trocadas nesse grupo de WhatsApp revelaram discussões sobre interferências em Porto Alegre (RS), Pelotas (RS) e Belford Roxo (RJ). Em uma das mensagens, Marília Alencar destacou a necessidade de "reforçar" ações em Belford Roxo, citando o prefeito Waguinho (Republicanos), aliado de Lula, como alvo 37.
Planilhas e Dados de Minas Gerais: Além do Nordeste, o plano incluía abas específicas para Minas Gerais, categorizadas como "MG MAIOR QUE 75% LULA" e "MG MAIOR QUE 50% BOLSO", indicando uma estratégia nacional 17.
Desvio de Finalidade: A PGR classificou as ações como parte de uma "organização criminosa" que visava usar a força policial para garantir a vitória de Bolsonaro. As investigações apontam reuniões entre Marília Alencar e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres para coordenar as operações 104.
Impacto Eleitoral: A denúncia sugere que o grupo buscava reverter uma diferença de 5 milhões de votos, conforme indicado em mensagens que mencionavam "52% a 48%" como margem a ser alterada 10.
Resposta da Defesa: Os advogados de Bolsonaro negaram as acusações, alegando falta de provas concretas e criticando a dependência da delação de Mauro Cid, ex-ajudante do ex-presidente 9.
Processo no STF: Caso a denúncia seja aceita, Bolsonaro e outros 33 acusados enfrentarão julgamento por crimes como golpe de Estado e dano ao patrimônio público 29.
Este caso ilustra a complexidade das acusações contra Bolsonaro, que envolvem desde estratégias regionais até articulações nacionais, com impacto direto na democracia brasileira.