Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, alertam que o uso prolongado de paracetamol por pessoas acima de 65 anos está associado a complicações gastrointestinais, cardiovasculares e renais. O estudo analisou dados de 180.483 pacientes que utilizaram o medicamento de forma crônica, comparando-os com 402.478 idosos que não fizeram uso frequente da droga.
Risco aumentado de úlceras, hipertensão e doença renal crônica
A pesquisa, publicada na revista Arthritis Care and Research, identificou que o consumo repetido do analgésico eleva a probabilidade de úlceras pépticas, insuficiência cardíaca, hipertensão e danos aos rins. Embora não comprove relação causal, o trabalho sugere que a inibição de enzimas COX pelo paracetamol pode explicar sangramentos gastrointestinais, enquanto sua metabolização libera toxinas que sobrecarregam os rins.
Especialistas recomendam cautela no tratamento de dores crônicas
O ortopedista Fernando Jorge, especialista em dor, ressalta que o paracetamol é frequentemente usado de forma inadequada por idosos, especialmente em casos de osteoartrite. Ele destaca a importância de priorizar alternativas não medicamentosas, como fisioterapia e terapia com luzes, e reforça a necessidade de avaliação médica para equilibrar benefícios e riscos.
Debate sobre o uso do paracetamol como primeira opção terapêutica
Weiya Zhang, autor principal do estudo, questiona se o medicamento deve continuar sendo recomendado como tratamento inicial para osteoartrite em idosos, devido ao seu efeito analgésico limitado e aos riscos identificados. O pesquisador defende mais estudos para confirmar os achados, mas reforça a urgência de revisão nas diretrizes clínicas.
Ortopedista orienta sobre alternativas seguras para osteoartrite
Em entrevista, Paulo Henrique Araújo, ortopedista da Clínica MEO, explica que o tratamento ideal varia conforme a gravidade da osteoartrite. Atividades físicas de baixo impacto, analgésicos tópicos e infiltrações com ácido hialurônico estão entre as opções. Ele também alerta que outros analgésicos, como dipirona e anti-inflamatórios, apresentam riscos específicos, embora menores em comparação ao paracetamol em idosos.