As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) vêm crescendo em todas as nações europeias, conforme apontam os dados mais recentes do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC). O relatório anual de 2023 revela que as taxas de infecções bacterianas, como gonorreia e sífilis, aumentaram significativamente na União Europeia e no Espaço Econômico Europeu. Um recorde de quase 100 mil novos casos de gonorreia foi registrado, superando os cerca de 74 mil de 2022. O número representa mais de quatro vezes o total de dez anos atrás.
As infecções por gonorreia foram mais frequentes entre mulheres de 20 a 24 anos e homens de 25 a 34 anos, sendo que os homens que mantêm relações homossexuais corresponderam a mais da metade dos casos. Já as taxas de sífilis aumentaram 13% em relação a 2022, com mais de 40 mil casos registrados, novamente afetando majoritariamente homens homossexuais. Por outro lado, a clamídia continua sendo a IST mais comum na Europa, embora os números pareçam estar em declínio. A doença tem prevalência especialmente alta entre jovens de 20 a 24 anos, com 577 casos para cada 100 mil habitantes.
Especialistas atribuem o aumento das ISTs principalmente à redução do uso de preservativos, especialmente entre os mais jovens. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde publicado em 2024, um quinto dos meninos e um sétimo das meninas de 15 anos afirmaram ser sexualmente ativos, e cerca de 30% desse grupo declarou não usar nenhum método contraceptivo. Há também a possibilidade de que a melhoria nos testes e na detecção das doenças esteja contribuindo para o aumento dos registros de casos.
Embora os homens homossexuais sejam os mais afetados pelas ISTs bacterianas, eles também estão entre os que mais realizam exames regulares e buscam tratamento. Muitos fazem testes trimestrais como parte da profilaxia pré-exposição ao HIV. Ao mesmo tempo, cresce a conscientização sobre essas infecções entre jovens heterossexuais, o que pode estar levando mais pessoas a se testarem e a receberem diagnóstico.
O aumento da gonorreia e da sífilis contrasta com a queda dos casos de clamídia, algo que intriga os pesquisadores, já que essas doenças são transmitidas de maneira semelhante. Cientistas europeus utilizam sequenciamento genético para analisar mutações em bactérias e tentar compreender as razões dessas tendências. Até o momento, não há explicação definitiva para o fenômeno.
A adoção de práticas de sexo seguro continua sendo a recomendação central dos especialistas para conter a disseminação das ISTs. Além do uso de preservativos, é essencial que os indivíduos sexualmente ativos realizem testes regulares, especialmente após relações sem proteção com novos parceiros. Conversas abertas sobre o tema e a redução do estigma em torno das ISTs são fundamentais para incentivar a prevenção e o tratamento adequado.