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18/02/2025 12:00:00

Baixa escolaridade é fator de risco para declínio cognitivo no Brasil

Estudo contraria fatores de risco como idade avançada e sexo

Baixa escolaridade é fator de risco para declínio cognitivo no Brasil

Um estudo liderado pelo professor Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio do Instituto Serrapilheira, revelou que a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo no Brasil, superando fatores tradicionalmente associados, como idade avançada e sexo. Publicado no periódico The Lancet Global Health, o estudo utilizou técnicas de inteligência artificial e machine learning para analisar dados de mais de 41 mil pessoas na América Latina, incluindo 9.412 casos do Brasil.

Principais Achados do Estudo

  1. Baixa escolaridade como fator de risco dominante: No Brasil, a falta de educação formal foi o maior preditor de declínio cognitivo, seguido por sintomas de saúde mental, falta de atividade física, hábitos de fumo e isolamento social.

  2. Diferenças regionais: O estudo destacou que modelos de pesquisa desenvolvidos em países de alta renda não são diretamente aplicáveis a países de baixa e média renda, como Brasil, Colômbia e Equador. Enquanto nos países de alta renda (Uruguai e Chile), fatores como idade e sexo são mais relevantes, no Brasil, a escolaridade tem um impacto mais significativo.

  3. Impacto socioeconômico: A instabilidade econômica e a insegurança social do país, especialmente nas regiões mais pobres, exacerbam os efeitos da baixa escolaridade no envelhecimento cerebral.

Contexto Brasileiro

  • Taxa de analfabetismo: O Distrito Federal tem a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. No entanto, em outras regiões, especialmente nas mais pobres, a baixa escolaridade é um problema persistente.

  • Prevalência de demência: Cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais no Brasil apresenta algum tipo de demência, o que equivale a aproximadamente 2,71 milhões de pessoas. Projeções indicam que esse número pode chegar a 5,6 milhões até 2050.

Implicações para Políticas Públicas

O estudo reforça a necessidade de investimentos em educação como estratégia para reduzir o risco de declínio cognitivo e demência na população. Além disso, sugere que políticas públicas devem considerar as particularidades socioeconômicas do Brasil e de outros países da América Latina. A expectativa dos pesquisadores é que os resultados influenciem decisões governamentais para:

  1. Ampliar o acesso à educação: Reduzir as desigualdades educacionais, especialmente nas regiões mais pobres.

  2. Promover saúde mental e física: Incentivar hábitos saudáveis e combater o isolamento social.

  3. Fortalecer sistemas de saúde: Melhorar o diagnóstico e o tratamento precoce de condições relacionadas ao declínio cognitivo.

Conclusão

O estudo evidencia que a educação é um fator central na prevenção do declínio cognitivo no Brasil, destacando a importância de políticas públicas que priorizem a redução das desigualdades educacionais e socioeconômicas. Com projeções alarmantes para o aumento de casos de demência nas próximas décadas, ações preventivas e investimentos em educação e saúde são essenciais para mitigar os impactos do envelhecimento cerebral na população.



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