Uma pesquisa recente do Instituto Alana e do MapBiomas, divulgada pela Agência Pública, revela que mais de 2,5 milhões de crianças e adolescentes no Brasil estudam em escolas localizadas em áreas com temperaturas até 3°C mais altas do que a média de suas cidades. Essa situação alarmante, que afeta quase um terço dos alunos matriculados nas capitais do país, expõe a problemática das ilhas de calor nas instituições de ensino públicas e privadas.
O estudo, baseado em medições de temperatura por satélite em 2023, revela que a Escola Estadual Professor José Escobar, onde o menino Davi estuda, está localizada em um ponto 9,25°C mais quente do que a média da capital paulista. Essa diferença de temperatura, segundo João Paulo Amaral, um dos coordenadores da pesquisa, tem um impacto direto no ensino e na saúde dos alunos.
"A escola deve ser o equipamento mais saudável para as crianças estarem, já que é o ambiente no qual elas geralmente passam a maior parte do tempo durante a infância. Elas precisam de uma condição salubre para poder ter maior aprendizagem e aproveitamento da educação", afirma Amaral.
O calor excessivo e constante nas salas de aula prejudica a concentração, o aprendizado e o bem-estar dos alunos, podendo levar à desidratação, problemas de saúde e até mesmo à evasão escolar. Em um contexto de agravamento das mudanças climáticas, as ondas de calor e o estresse térmico podem afetar o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças.
A pesquisa do Instituto Alana também revela que a maioria das escolas em áreas mais quentes são frequentadas por crianças negras, evidenciando a dimensão da desigualdade social e climática no Brasil. A falta de normas e infraestrutura adequadas para garantir o conforto térmico nas escolas agrava ainda mais essa situação.
A situação é ainda mais crítica nas capitais da região Norte, onde se concentra a maior proporção de alunos em áreas de calor intenso. Em Manaus, Boa Vista e Macapá, mais de 70% dos estudantes estão matriculados em escolas com temperaturas acima da média, o que exige medidas urgentes para proteger a saúde e o aprendizado dessas crianças.
Diante desse cenário preocupante, é fundamental que escolas, ??????es, gestores públicos e a sociedade em geral se mobilizem para enfrentar o problema do calor nas escolas. Algumas medidas que podem ser tomadas incluem:
É preciso reconhecer que o calor nas escolas é um problema complexo, com causas multifacetadas e que exige soluções integradas e urgentes. A garantia do direito à educação em um ambiente saudável e confortável é um desafio que deve ser enfrentado por toda a sociedade, em benefício das crianças e do futuro do país.