A exaustão mental tem se tornado um problema crescente entre os profissionais da educação, levando muitos a se afastarem das salas de aula. Um estudo da Nova Escola revelou que cerca de 60% dos professores relataram níveis elevados de ansiedade no período pós-pandemia, e os números não mostram sinais de melhora. Em São Paulo, o número de licenças médicas para professores devido a problemas de saúde mental também tem sido alarmante, evidenciando o impacto negativo da profissão no bem-estar dos educadores.
Cícero Filgueira, coordenador pedagógico da Hug Education, destaca a importância do autocuidado para que os professores possam desempenhar suas funções de forma eficaz. "Quando cuidamos de nós mesmos, conseguimos cuidar do outro com mais eficácia", afirma. No entanto, a falta de apoio e as dificuldades enfrentadas no dia a dia têm dificultado a prática do autocuidado.
A pandemia de COVID-19 intensificou ainda mais os desafios da profissão, com a necessidade de adaptação a novas tecnologias e modelos de ensino. Muitos professores se viram sobrecarregados com a demanda de aprender a editar vídeos, usar ferramentas digitais e dar aulas online, o que contribuiu para o aumento do esgotamento mental.
Outro fator que contribui para o problema é a transferência de responsabilidades das famílias para as escolas, o que gera uma sobrecarga ainda maior para os professores. Filgueira ressalta que muitos pais veem as escolas como "depósitos de crianças", o que leva os professores a assumirem funções que vão além do ensino, como psicólogos e educadores sociais.
O especialista também alerta para o fato de que o adoecimento mental tem afastado professores definitivamente das salas de aula, especialmente mulheres, que sofrem com a sobrecarga de trabalho e atividades domésticas. A Síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento profissional, é um problema comum entre os educadores, e muitos não conseguem retornar às salas de aula após o diagnóstico.
Diante desse cenário, é fundamental que a sociedade e as instituições de ensino se mobilizem para promover o autocuidado dos professores. Algumas medidas que podem contribuir para o bem-estar dos educadores incluem:
Filgueira enfatiza que muitas das questões que geram o esgotamento mental dos professores são de ordem social e estão relacionadas à falta de valorização da profissão. "É uma profissão que desde o infantil ao ensino superior apresenta casos de sobrecarga e adoecimento por conta de uma pressão exacerbada", afirma.
Priorizar o autocuidado dos professores é essencial para garantir que eles possam continuar a fazer a diferença na vida de seus alunos. Professores saudáveis emocionalmente são mais capazes de criar um ambiente de aprendizado positivo e inspirador.
O coordenador pedagógico finaliza com um apelo à sociedade: "É preciso que a gente valorize mais os professores e que a gente ofereça mais apoio para que eles possam cuidar de sua saúde mental e continuar a nos ajudar a formar cidadãos melhores".