As vendas no varejo de Maceió começaram 2025 em crescimento, impulsionadas pelo aumento do endividamento das famílias. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pelo Instituto Fecomércio AL em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento cresceu 1,7% em janeiro, enquanto a inadimplência caiu 0,8%. Na comparação anual, o número de endividados aumentou 26,9%, e o de inadimplentes subiu 42,9%. No entanto, o número de famílias superendividadas reduziu tanto na comparação mensal (-2,7%) quanto na anual (-1,8%), um fato positivo após o aumento de 2,8% registrado em dezembro.
**Fatores que influenciaram os números de janeiro**
Os dados de janeiro refletem a alta de consumo típica do período, que absorve custos das festas de final de ano, somados a despesas com férias, impostos e materiais escolares. A redução da inadimplência foi influenciada por programas de renegociação de dívidas e pelo aumento de renda nos meses de novembro e dezembro, devido a empregos temporários e ao pagamento do décimo terceiro salário.
**Aumento dos gastos pode comprometer orçamento familiar a longo prazo**
O endividamento das famílias segue como um fator determinante para o desempenho do varejo local. A expansão do crédito e o aumento dos gastos podem aquecer o setor a curto prazo, mas evidenciam desafios para a sustentabilidade financeira das famílias no longo prazo. O cartão de crédito é o meio de endividamento mais efetivo, alcançando quase 100% dos endividados na capital. O crédito em carnês, a segunda forma mais procurada, teve um aumento de 67% entre 2024 e 2025. Outros tipos de dívida também registraram crescimento, como financiamento automotivo (254%), financiamento habitacional (105%), crédito consignado (170%) e cheque especial (40%). O crédito pessoal foi o que mais cresceu, saltando de 0,3% do volume total das dívidas em 2024 para 4% no início de 2025, um aumento de 1.125%.
**Endividamento afeta mais as famílias de menor renda**
As famílias de menor renda (até 10 salários mínimos) lideram o endividamento, com um aumento de 3,9% no grupo das famílias muito endividadas. Já nas famílias de maior renda (acima de 10 salários mínimos), o percentual de muito endividadas manteve-se estável em 1,2%. No entanto, entre as famílias de maior renda, houve uma queda de 11,4% no grupo das mais ou menos endividadas, mas um aumento expressivo de 38,9% no número de pessoas com alguma dívida. Entre as famílias de menor renda, registrou-se uma redução de 3,2% no grupo dos pouco endividados e de 4,7% naquelas sem dívidas, enquanto o número das mais ou menos endividadas subiu 5,7%.
**Redução no número de famílias sem dívidas**
O número de famílias sem dívidas, que vinha caindo desde setembro, reduziu-se ainda mais em janeiro, com uma queda de 5,3%. O mesmo ocorreu com as famílias com poucas dívidas, que diminuíram 1,5%. Esses dados confirmam o aperto financeiro enfrentado pelas famílias de Maceió, especialmente pelo aumento do uso do cartão de crédito, que traz risco de descontrole financeiro.
**Inadimplência e inflação de serviços**
Em relação à inadimplência, houve redução de 1,5% na quantidade de famílias de menor renda inadimplentes, que também conseguiram diminuir o volume das que não têm condições de pagar as dívidas (-4,5%). Por outro lado, aumentou 12,5% o volume de famílias de maior renda que não têm condições de pagar suas dívidas. Esse fato indica que, apesar da confiança no consumo, essas famílias estão sentindo o impacto do crédito mais caro e da inflação de serviços, como centros de beleza, alimentação fora do lar, manutenção de moradia e automóveis, planos de saúde e seguridade.