Relatórios de inteligência dos Estados Unidos indicam que Israel está se preparando para um possível ataque contra as instalações nucleares do Irã nos próximos meses. A ofensiva, que poderia atingir as instalações de Fordow e Natanz, tem potencial para aumentar significativamente as tensões no Oriente Médio. As informações constam em documentos do Estado-Maior das Forças Armadas e da Agência de Inteligência de Defesa aos quais o jornal *The Washington Post* teve acesso.
**Estratégias de Ataque em Discussão**
Segundo o relatório, Israel considera duas opções de ataque: uma ofensiva remota, com o lançamento de mísseis balísticos de longo alcance, ou uma incursão direta no território iraniano, utilizando bombas anti-bunker BLU-109. A escolha da estratégia dependeria do nível de apoio fornecido pelos Estados Unidos, que poderiam auxiliar com reabastecimento aéreo e inteligência. Na semana passada, a administração Trump aprovou a venda de kits de guiagem para essas bombas, sinalizando uma possível colaboração indireta na operação.
**Posição dos Estados Unidos**
A Casa Branca não comentou diretamente sobre a possibilidade de um ataque israelense, mas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, afirmou que o presidente Donald Trump “não permitirá que o Irã obtenha uma arma nuclear”. Embora o líder norte-americano prefira negociar um acordo pacífico, “não esperará indefinidamente” por uma solução diplomática.
A perspectiva de uma nova crise militar representa um desafio para Trump, que prometeu reduzir conflitos na região e manter seu apoio incondicional a Israel. Ao mesmo tempo, dentro do próprio governo, há divergências sobre como lidar com o Irã. Enquanto conselheiros como Michael Waltz defendem uma postura mais agressiva, outros membros do governo, como o vice-presidente JD Vance, são mais cautelosos quanto ao envolvimento militar direto dos EUA no Oriente Médio.
**Preferência por Soluções Diplomáticas**
Trump já indicou que sua preferência é evitar um confronto direto. “Todos pensam que Israel, com nossa ajuda ou aprovação, irá bombardear o Irã. Eu preferiria que isso não acontecesse”, declarou à rede *Fox News*. Ainda assim, seu governo vem retomando a política de “pressão máxima” contra Teerã, buscando reduzir as exportações de petróleo iraniano a zero, como forma de forçar um novo acordo nuclear.
**Debates sobre a Eficácia de um Ataque**
A possibilidade de um ataque também reabre debates sobre a eficácia de uma ação militar para conter o avanço nuclear iraniano. Especialistas dos serviços de inteligência dos EUA alertam que um ataque poderia retardar o programa nuclear iraniano apenas por semanas ou meses e, paradoxalmente, poderia levar Teerã a acelerar o enriquecimento de urânio em nível militar, algo que Israel e Washington sempre consideraram uma linha vermelha inaceitável.
Dentro de Israel, algumas autoridades discordam dessa análise e acreditam que um ataque teria um impacto mais duradouro sobre o programa nuclear iraniano. “Essa foi uma diferença entre a nossa inteligência e a avaliação deles”, disse um ex-oficial dos EUA ao *The Washington Post*.
**Operações Israelenses no Irã**
Nos últimos anos, Israel tem conduzido operações encobertas para sabotar as capacidades nucleares do Irã, incluindo ataques cibernéticos, assassinatos de cientistas e explosões em instalações-chave. No entanto, um ataque aéreo aberto marcaria uma escalada sem precedentes e colocaria a região sob risco de uma guerra em larga escala.
**Reação do Irã**
O governo iraniano reagiu de forma contundente às recentes declarações de Trump e seus assessores. “Essas declarações imprudentes e inflamadas violam flagrantemente o direito internacional”, disse o embaixador do Irã na ONU (Organização das Nações Unidas), Saeed Iravani. O governo de Teerã já alertou que responderia com “força total” a qualquer ataque contra seu território.
A situação permanece tensa, com a possibilidade de uma escalada militar representando um risco significativo para a estabilidade regional e global.