Na última quarta-feira (12/2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou uma série de propostas para acabar com a guerra na Ucrânia, após uma ligação telefônica de 90 minutos com o presidente russo, Vladimir Putin. Os dois líderes concordaram em iniciar negociações "imediatamente" e planejam se encontrar pessoalmente na Arábia Saudita antes de reuniões formais em Moscou e Washington.
Trump afirmou que seria "impraticável" a entrada da Ucrânia na Otan, concordando com a avaliação de que é improvável que a Ucrânia recupere totalmente suas fronteiras pré-2014. Ainda assim, o presidente americano destacou que parte do território poderia ser devolvida à Ucrânia como parte de um acordo de paz.
De acordo com a emissora Qahera TV, o Egito e o Catar desempenharam papel fundamental como mediadores das negociações de cessar-fogo, que entrou em vigor em janeiro após 15 meses de conflito.
Apesar dos esforços para negociar diretamente com a Rússia, Trump tem sinalizado que não pretende incluir a Ucrânia e os países europeus nas primeiras etapas das conversas. Essa postura gerou reações de líderes europeus, que insistem em participar de qualquer negociação futura. França, Alemanha e Reino Unido divulgaram uma declaração conjunta, enfatizando que a Europa deve fazer parte de qualquer solução para garantir a segurança da Ucrânia.
Enquanto a Otan segue defendendo o apoio militar à Ucrânia, Trump criticou o que considera um desbalanceamento nos gastos de defesa entre os Estados Unidos e os países europeus. Ele propôs que os membros da Otan aumentem seus investimentos em defesa para 5% do PIB, em vez da meta atual de 2%.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, reforçou a necessidade de "reconhecer que retornar às fronteiras da Ucrânia pré-2014 é um objetivo irrealista" e sugeriu que qualquer operação de manutenção da paz na Ucrânia não seja conduzida pela Otan, mas por uma missão internacional independente.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou interesse em se reunir com Trump e Putin, mas alertou que "não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia". Zelensky também propôs uma troca de território entre Ucrânia e Rússia, sugerindo abrir mão de partes da região de Kursk, na Rússia, em troca de terras ocupadas pelos russos.
Entretanto, o porta-voz do Kremlin rejeitou a proposta, afirmando que "a Rússia nunca discutirá a troca de seu território" e prometendo expulsar as forças ucranianas das áreas ocupadas.
A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu territórios no leste do país, sob o argumento de que essas regiões deveriam pertencer à Rússia. Desde então, o conflito se arrasta, com milhares de mortos e milhões de ucranianos forçados a deixar suas casas.
A Otan tem sido uma peça-chave no apoio militar à Ucrânia, fornecendo ajuda essencial para a resistência do país. Sob a administração de Joe Biden, os Estados Unidos desempenharam um papel fundamental, autorizando o uso de armamentos americanos para operações ucranianas. Contudo, com Trump no poder, a estratégia americana pode mudar, colocando mais pressão sobre os países europeus para assumir maior responsabilidade no conflito.
Enquanto Trump busca reunir potências para negociar a paz, ministros da Otan continuam reunidos em Bruxelas para discutir o futuro da guerra. Os próximos encontros entre os líderes mundiais devem definir os rumos das negociações, mas a exclusão da Ucrânia e de países europeus nas etapas iniciais pode dificultar a construção de um acordo duradouro.
A guerra segue deixando um rastro de destruição e incertezas, com ataques constantes e milhares de vidas perdidas, enquanto o mundo aguarda uma possível solução diplomática.