A Polícia Federal (PF) realizou a Operação Mineração Obscura 2, destruindo quatro minas subterrâneas de garimpo ilegal no município de Maués, no Amazonas. Durante a ação, trabalhadores submetidos a condições degradantes foram resgatados.
A operação, realizada entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro, contou com apoio da Polícia Rodoviária Federal, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ministério Público do Trabalho (MPT).
A investigação teve início após denúncias sobre a exploração de mão de obra em situação análoga à escravidão e o uso de cianeto, substância altamente tóxica, na extração ilegal de ouro. Mercúrio também foi encontrado no local, um metal usado para separar o ouro do solo e que causa sérios danos à saúde e ao meio ambiente.
As equipes do MPT identificaram mais de 50 trabalhadores, incluindo garimpeiros, cozinheiras e gerentes, enfrentando jornadas exaustivas, sem acesso a condições mínimas de trabalho e expostos a riscos como desabamentos. Muitos trabalhadores fugiram ao perceber a chegada das forças de segurança, mas quatro pessoas foram resgatadas e encaminhadas para seus locais de origem.
O Ministério Público do Trabalho anunciou que tomará medidas judiciais para garantir os direitos trabalhistas das vítimas e responsabilizar os financiadores do garimpo ilegal.
O método de extração por meio de minas subterrâneas é considerado incomum e altamente perigoso. O garimpo ilegal resultou na destruição de áreas de preservação ambiental, no desmatamento e na contaminação de lençóis freáticos, causando danos ambientais estimados em mais de R$ 1 bilhão.
A PF destacou que este garimpo é um dos mais antigos do Brasil, e esta foi a primeira operação que conseguiu retirar os trabalhadores envolvidos diretamente na extração ilegal.
Denúncias de exploração de trabalhadores podem ser feitas por meio do Sistema Ipê Trabalho Escravo, plataforma digital do Ministério do Trabalho e Emprego para registrar casos de exploração e intermediação ilegal de mão de obra.
Outra opção é o Disque 100, central telefônica do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. O serviço é gratuito e funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.