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Acidente
08/02/2025 22:00:00

Uso inadequado da tadalafila: riscos e popularização do medicamento

Uso inadequado da tadalafila: riscos e popularização do medicamento

A tadalafila, medicamento indicado para disfunção erétil, tem ganhado destaque não apenas por seu uso terapêutico, mas também por ser amplamente mencionado em músicas, memes e conteúdos na internet. Nos últimos anos, sua popularidade cresceu ainda mais entre frequentadores de academias, que utilizam a substância de forma inadequada como pré-treino, acreditando, sem comprovação científica, que ela auxilia no ganho de massa muscular.

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que as vendas da tadalafila dispararam nos últimos anos, passando de 21,4 milhões de caixas comercializadas em 2020 para 47,2 milhões em 2023. Apenas no primeiro semestre de 2024, 31,1 milhões de caixas foram vendidas.

O mito da tadalafila como pré-treino

Muitos praticantes de musculação acreditam que a tadalafila melhora a circulação sanguínea e, consequentemente, o crescimento muscular. No entanto, especialistas afirmam que não há comprovação científica para esse efeito.

"A teoria de que esse medicamento aumentaria o fluxo sanguíneo para os músculos, favorecendo a hipertrofia, não tem base científica", explica Luiz Otávio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia. "Os poucos estudos sobre o tema envolvem um número reduzido de participantes e não são conclusivos."

Como a tadalafila age no organismo

O medicamento atua inibindo a ação da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), que dificulta a ereção. Ao bloquear essa enzima, ocorre o relaxamento da musculatura dos vasos sanguíneos, permitindo um maior fluxo de sangue para os corpos cavernosos do pênis, promovendo a ereção.

Além do tratamento da disfunção erétil, a tadalafila é prescrita para hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata que dificulta a micção) e hipertensão pulmonar, em doses específicas.

Riscos do uso sem orientação médica

Apesar de ser considerada segura para o uso indicado, a tadalafila pode causar efeitos colaterais, como dores musculares, cefaleia, congestão nasal e, em casos mais graves, priapismo (ereção prolongada e dolorosa), queda brusca da pressão arterial e eventos cardiovasculares.

A interação com medicamentos à base de nitratos pode ser perigosa, levando à redução extrema da pressão arterial, o que pode resultar em desmaios e até mesmo risco de morte.

Outro problema apontado por especialistas é a dependência psicológica do medicamento. "Muitas pessoas passam a acreditar que só conseguirão ter um bom desempenho sexual se tomarem tadalafila, criando uma relação de dependência emocional", alerta a farmacêutica Amouni Mourad.

Uso responsável e regulamentação

Por ser um medicamento de uso controlado, a tadalafila só pode ser vendida com prescrição médica. Entidades da área da saúde reforçam que o consumo deve ser feito sob orientação profissional e que qualquer uso inadequado pode trazer riscos à saúde.