A intensificação dos confrontos entre forças de segurança e grupos criminosos no Haiti tem provocado uma nova onda de deslocamentos forçados. De acordo com a Organização Internacional para Migrações (OIM), mais de 1,6 mil pessoas tentaram fugir apenas nesta última semana.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que o recrutamento de crianças por gangues aumentou 70% no último ano, e agora elas representam até 50% dos integrantes dessas organizações criminosas.
O número de crianças deslocadas internamente no país cresceu quase 50% desde setembro, chegando a mais de 500 mil menores. Isso significa que uma em cada oito crianças haitianas está atualmente longe de casa devido à violência.
Desses menores, dois terços estão sendo acolhidos por famílias, enquanto 500 foram levados para três novos centros de abrigo. Além disso, cerca de três milhões de crianças no Haiti precisam de assistência humanitária, incluindo 1,2 milhão apenas na capital, Porto Príncipe.
Outro fator que agrava a crise humanitária no país são os retornos forçados de haitianos que viviam na República Dominicana. Apenas nas duas primeiras semanas de janeiro, 15 mil haitianos foram obrigados a voltar ao país. No ano passado, esse número chegou a 200 mil.
Além da violência e do deslocamento forçado, os desastres naturais aumentam o sofrimento da população. O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) informou que, desde novembro, quase 330 mil pessoas foram afetadas por inundações em seis departamentos haitianos, resultando em dezenas de mortes e na destruição de quase 50 mil casas.
Diante da grave crise, a ONU solicita US$ 908 milhões em 2025 para ajudar 3,9 milhões de haitianos. A organização faz um apelo à comunidade internacional para intensificar o apoio ao país e mitigar os impactos da violência e das condições precárias de vida.