Vida real 11
“Olá Doutor, Meu avô tem
pressão alta e sempre toma um
comprimido de 50 mg pela manhã após o café da manhã,
mas mesmo assim, tem a mania de aferir a pressão a todo
momento e qualquer valor mais alto que o aparelho
digital acusa ele toma mais um remédio de 25 mg, ainda
depois do almoço, e à noite, mais um de 25 mg, às vezes
até 2, basta ele se sentir aéreo, como frequentemente
se queixa. Isso está certo?”
Aproveito essa pergunta
de uma leitora para dar algumas explicações pertinentes e que certamente
interessarão a muitas pessoas. Essa é uma típica situação em que um equipamento
de medir a pressão está sendo mal utilizado. O tratamento da pressão alta não
pode ser guiado por medidas frequentes e sucessivas. Nesse caso, o que está
sendo tratado é a variabilidade da pressão que é um fenômeno normal e esperado.
O que estamos tratando,
quando recomendamos uma medicação anti-hipertensiva é a média da pressão de 24
horas, e não uma pressão medida várias vezes durante um mesmo dia.
O que esse paciente está
precisando é uma definição da dose de medicação que cubra às 24 horas, não
permitindo nem picos e tampouco quedas de pressão arterial em momentos
indevidos.
Além disso, essa forma
de utilização de um equipamento de pressão vai causar ansiedade e mesmo
dificultar o tratamento.
Como esse paciente tem
em casa um equipamento, aconselhamos que o utilize da seguinte forma. Uma
semana antes de ir a consulta meça a pressão durante três dias. As medidas
devem ser feitas duas vezes pela manhã, antes de tomar o remédio e duas vezes à
noite antes do jantar. Dessa forma, teremos um total de quatro medidas ao dia,
e no total de três dias 12 medidas. Deve em seguida fazer a média de todas as
medidas (da pressão sistólica e da diastólica), que não deve ser maior que 135
x 85 (13,5 x 8,5).
Esse valor de pressão
deve ser entregue ao médico acompanhante que fará os devidos ajustes na
medicação ( se for o caso). Ou mesmo recomendará que o paciente faça uma MAPA,
para também avaliar ao comportamento da pressão durante o sono.
Marco
Mota
Investigador Principal
Centro de Pesquisas Clínicas da Clinicor
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Fone: 82 - 3201 - 2900 / 82 3201 - 2913 / Fax: 82 3326 - 8815
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Marco Mota – É médico
cardiologista