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O exercício físico regular traz muitos benefícios à saúde,
contudo, condições de calor e umidade excessivas podem trazer um grande desafio
à capacidade do corpo em resistir a tais situações. O desempenho fica
significativamente reduzido e aumentam os riscos de desidratação. O corredor
pode realizar a sua atividade física de forma mais segura, reduzindo o tempo e
o esforço dedicado ao aquecimento, mudando a sessão de exercício ou a
estratégia de competição visando reduzir a intensidade e realizando pausa mais
longas e frequentes.
Durante uma corrida, os músculos
produzem grande quantidade de calor que deve ser dissipado para o ambiente, ou
então ocorrerá um aumento da temperatura central. Como a produção de calor
pelos músculos é proporcional à taxa de trabalho, o exercício de alta
intensidade e de moderada duração (cinco a dez quilômetros) e atividades
prolongadas (maratonas) apresentam um maior risco.
A sudorese é uma resposta fisiológica
que tem por finalidade limitar o aumento da temperatura central através da
secreção de água na pele para a evaporação, mas esta perda de líquido nem
sempre é compensada pela ingestão de líquidos e a regulação da temperatura.
Quando o corredor treina em um ambiente muito quente e úmido (umidade relativa
do ar acima de 80%), a sua evaporação fica prejudicada, pois seu suor competirá
com a elevada umidade do ar no processo de evaporação e retirada do calor do
organismo. Ambientes muito secos também são prejudiciais, pois, entre outros
prejuízos, podem causar sangramento das narinas.
Um grande número de países da América
Latina está localizado na região tropical. Embora a altitude possa fazer uma
diferença considerável (por exemplo a Cidade do México e Bogotá são cidades
mais frias), os trópicos apresentam temperatura alta e umidade relativamente
constante na maior parte do ano. Valores acima de 28ºC são muito comuns,
especialmente nas cidades que se localizam ao nível do mar.
Tolerância ao calor - Existe
uma evidência preliminar que indica que os habitantes das regiões tropicais têm
uma tolerância maior à ambientes quentes e úmidos, possivelmente devido aos
seus níveis de aclimatação crônica ao calor. Contudo, até que mais dados sejam
publicados em relação à tolerância ao estresse térmico de pessoas cronicamente
aclimatizadas ao calor, as recomendações do Colégio Americano de Medicina
Esportiva devem ser seguidas.
A aclimatação ao calor é um conjunto
de adaptações fisiológicas que permite ao corredor suportar um estresse maior
ao calor ambiental. Elas incluem um aumento na capacidade de sudorese, um suor
mais diluído e uma habilidade aumentada de sustentar uma taxa de sudorese alta
durante exercícios prolongados. Todas essas adaptações ajudam a minimizar o
acúmulo de calor, permitindo um tempo de performance mais prolongado e uma
diminuição do risco de doenças provocadas pelo calor.
No início do processo de aclimatação,
a duração e a intensidade das sessões de exercícios devem ser menores que o
usual. A duração e a intensidade devem ser elevadas gradualmente a cada dia a
medida que a tolerância ao calor melhora. Adaptações significativas ocorrem
dentro dos primeiros sete a 14 dias de exposição ao calor. A frequência deve
ser entre três a cinco dias por semana, com uma duração de sessão entre 20 a 60
minutos, em intensidade de exercício de 55 a 80% da frequência cardíaca máxima.
Levando-se em consideração esses
aspectos citados anteriormente, o corredor poderá usufruir de uma maneira
adequada, correta e segura dos benefícios intrínsecos à prática regular de
corridas, além de preservar e proteger a sua saúde.