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O ano de 2013 chegou ao fim
na Alemanha com prognósticos positivos para o mercado de trabalho. O
número de desempregados só aumentou em 67 mil, alcançando 2,873 milhões, menos
do que usual para a época do ano. Isso equivale a um acréscimo de 0,2 pontos
percentuais, totalizando uma quota de desemprego de 6,7%.
Segundo o especialista em
mercado de trabalho Gerhard Bosch, da Universidade de Duisburg-Essen, a
situação relativamente positiva reflete a grande capacidade de renovação da
economia alemã. Além de as exportações estarem em boa fase, o consumo também
aumentou, graças, sobretudo, a significativos aumentos salariais.
- O problema, no entanto, é
que em 2013 não se investiu muito, por as empresas estarem apreensivas com as
perspectivas de longo prazo – pondera Bosch. De acordo com ele, as deliberações
do novo governo, porém, permitem prever uma melhoria, já que haverá mais verbas
para infraestrutura e ensino. O consumo, afirma, também deverá se beneficiar do
aumento das aposentadorias e da introdução do salário mínimo.
Analistas da Agência Federal
do Trabalho (BA) preveem para 2014 mais uma leve redução do número de
desempregados, cuja média anual deverá se manter em 2,9 milhões. Por sua vez, o
Instituto da Economia Alemã (IW), ligado às associações patronais, é mais
cético.
Por um lado, as enquetes
realizadas no fim do ano junto às grandes associações empresariais confirmam
que o clima é bastante otimista, diz o diretor do IW, Michael Hüther. Apesar
disso, não se criarão novos postos de trabalho. “Não vai haver muito acréscimo.
Temos um recorde histórico de ocupação, de 42 milhões de empregados. Mas agora
essa dinâmica se esgota.”
Romenos e búlgaros
A BA não se mostra preocupada
com a imigração de concorrentes a emprego dos dois mais pobres Estados-membros
da União Europeia, a Bulgária e a Romênia, que desde 1º de janeiro passaram a
se beneficiar do princípio da livre circulação de trabalhadores dentro do bloco
europeu.
Nos últimos anos, cidadãos
desses países já vinham entrando no mercado de trabalho alemão, como
trabalhadores sazonais na agricultura ou em setores que carecem urgentemente de
mão de trabalho, como a saúde, cuidados ou gastronomia, argumenta agência de trabalho.
- A maioria dos búlgaros e
romenos que vivem na Alemanha são imigrantes por motivos de trabalho,
não por motivos de pobreza – afirma Herbert Brücker, do instituto de pesquisa
profissional IAB.
Martin Wansleben, diretor
geral da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), alerta
para o perigo de o atual debate na Alemanha sobre a imigração vir a
prejudicar a economia. “A imigração em geral não pode assumir um aspecto
negativo devido a uma discussão política acalorada”, reforçou.
Devido a sua atual tendência
demográfica, a Alemanha precisará, nos próximos anos, de até 1,5 milhão de
trabalhadores estrangeiros qualificados, lembra Wansleben. Eles ajudariam a
“assegurar o crescimento e estabilizar os sistemas sociais”.
Entretanto, a atual discussão
indica a necessidade de ação dentro da sociedade alemã, prossegue o diretor da
DIHK: “Precisamos continuar aprimorando uma cultura de boas-vindas para os
imigrantes. É uma tarefa para a sociedade como um todo: política, Igrejas,
sindicatos, empresariado, todos têm que prestar sua contribuição.”
Benefícios da
imigração superam carga
Segundo dados recentes, há
155 mil romenos e búlgaros profissionalmente ativos na Alemanha. Sua quota de
desemprego é a mais baixa de todos os trabalhadores estrangeiros. E agora esses
dois grupos poderão procurar emprego em todos os setores.
- Em consequência, temos
também melhores chances de integração para as pessoas desses dois países, para
os quais, desde 1º de janeiro, vale a mobilidade da mão de obra – prevê Heinrich
Alt, da diretoria da Agência Federal do Trabalho.
Ele admite, no entanto, haver
no momento um problema: “A imigração da Bulgária e Romênia está associada a
certas regiões [alemãs], e lá ocorrem problemas que as municipalidades de
Duisburg, Dortmund, Berlim, Mannheim, Offenbach não podem resolver sozinhas.”
Segundo analistas, nessas
cidades problemáticas apenas 10% a 20% dos imigrantes trabalham. Por outro
lado, só uma pequena parte deles recorre à previdência social. Essas pessoas,
que nem requerem benefícios, nem contribuem para o sistema social através de
seus encargos, “apresentam, naturalmente, um grande problema”, aponta Herbert
Brücker. Ainda assim, assegura, os romenos e búlgaros da Alemanha “contribuem
para os sistemas de aposentadoria e seguridade, de forma que o Estado social
sai ganhando”.
De toda maneira, a Agência
Federal do Trabalho começou a contratar novos funcionários em sua sede em
Nurembergue. Ainda há um déficit de especialistas administrativos e pedagogos
sociais com bons conhecimentos dos idiomas romeno e búlgaro, aptos a aconselhar
com êxito os candidatos a trabalho dos dois países.