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Alagoas
08/12/2013 09:41:34

Alagoanos com câncer encontram esperança e tratamento nos leitos de uma ONG

Alagoanos com câncer encontram esperança e tratamento nos leitos de uma ONG
Pacientes acometidos de câncer

cadaminuto //

gabriela flores

 

Pacientes com câncer em estágio avançado e que não recebem atendimento em hospitais públicos ou particulares de todo o estado de Alagoas encontram em Organização Não Governamental (ONG) uma esperança de vida e de cura.

 

Com dez anos de existência a Unidade do Câncer de Alagoas (Unica), surgiu para proporcionar uma melhor qualidade de vida a pacientes em situação de abandono e vulnerabilidade.

 

A assistente administrativa da Unica Monny Carvalho comenta que a unidade “atende pacientes com câncer, porém mais especificamente àqueles que já estão com a doença em estágio avançado e precisam de cuidados paliativos”.

 

Sem sofrimento

Os cuidados paliativos consistem em práticas médicas que tem como base dar dignidade e minimizar o sofrimento dos pacientes terminais ou com a doença em estágio avançado. Assim, de acordo com a ortotanásia a Unica tem como base amenizar os sintomas do câncer e promover apoio psicológico e médico ao paciente e seus familiares.

 

Na sua totalidade a ONG atende pacientes carentes e que não podem pagar um plano de saúde ou o tratamento particular. “Independente de serem cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS), a Unidade recebe os doentes carentes, sem nenhuma cobrança por qualquer um dos serviços oferecidos”, afirmou Monny.

 

A Unica possui três leitos para internamento além de promover o atendimento de home care para aqueles que podem receber os cuidados em suas residências. “Sabemos que o número de leitos ainda é pequeno para a demanda que gira em torno de 1 mil pacientes por ano.  Porém, para não desamparar ninguém fazemos o atendimento domiciliar”, disse a assistente administrativa.

 

Tratamento

Os pacientes da Unica recebem o tratamento para o controle da dor com morfina ou codeína, que são medicamentos adequados para manter o doente sem mal estar. Monny Carvalho comenta ainda que “a maioria das pessoas que chegam até a Unica encontra-se em estado avançado de abandono”.

 

Quando se faz necessária a internação do doente, a participação da família é fundamental.

 

Segundo Monny Carvalho de acordo com os princípios dos cuidados paliativos, se faz necessário que algum parente esteja acompanhando o doente. “Precisamos desse apoio psicológico, não adianta cuidar só da doença se não cuidarmos do emocional também. É preciso que haja essa contribuição da família. Para dar suporte a todos é deslocada uma equipe multiprofissional que cuida desses pacientes e familiares fornecendo também alimentação e assistência psicológica”.

 

Para promover a qualidade de vida aos pacientes a ONG tem um quadro de profissionais especializados em paliativismo composto por médicos, assistentes administrativos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, técnicos e motoristas que auxiliam no transporte de pacientes no caso de exame e também no atendimento domiciliar.

 

“Existem pacientes que chegam em estado muito grave, porém outros estão conosco há anos. Um de nossos pacientes chegou desenganado. Foi encaminhado para a Unica com um diagnóstico de 6 meses de vida e já está conosco há dois anos. Isso tudo graças à assistência médica e ao apoio fornecido à família com cestas nutricionais e medicamentos”, revelou Monny Carvalho.

 

Os pacientes

Com extremo bom humor e um brilho especial no olhar, Benedito Roberto dos Santos,61, recebeu a equipe do CadaMinuto sentado no leito e com uma grande vontade de falar. “Não posso ficar triste ou mal humorado. Aqui sou tratado pelas melhores pessoas. Dão-me remédio, me cuidam e não deixam nada faltar, como posso ficar triste”, disse Benedito que enfrenta há 12 anos a doença.

O tirador de cocos contou ainda que em casa é muito  bem tratado, “mas há momentos em que a dor nas pernas não permite nem andar. Nessa hora a equipe da Unica me recebe de braços abertos e acaba com meu sofrimento”, desabafou Benedito.

 

Sobre o futuro o paciente disse que espera que as dores passem. “Tenho mais de 230 pontos espalhados em meu corpo. Urino pelo ânus e mesmo assim sei que não posso me queixar. Meu único desejo é poder voltar a trabalhar”, afirmou o paciente que teve o órgão genital totalmente retirado devido a um câncer no pênis.

 

Numa situação emocional totalmente fragilizada, o pedreiro Petrúcio Mendes da Silva,58, também com câncer no pênis deu entrada na Unica há cinco dias. “O paciente fez a cirurgia, porém os pontos abriram. Foi encaminhado a dois hospitais públicos da capital que nada fizeram por ele. Chegou na ONG apenas com um tampão na ferida. Sequer tinham feito um curativo”, lamentou Monny Carvalho.