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pamela mascarenhas
O Nordeste registrou o maior avanço na expectativa de vida nos últimos 30 anos, passando de 58,25 para 71,20 anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE).
Para cientistas políticos brasileiros, a mudança registrada na região, que tinha a menor taxa do Brasil nos anos 1980, pode ser atribuída ao aumento de salário mínimo e implementação de programas de renda dos últimos anos. Seria resultado da substituição de uma política neoliberal para uma mais comprometida com as questões sociais.
Marcus Ianoni, chefe do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, acredita que os novos indicadores do Nordeste são relacionados à migração de um modelo de política neoliberal para um modelo social desenvolvimentista, implantada durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que levou à região melhor distribuição de renda e maior acesso a recursos básicos. Ele ressalta ainda o fortalecimento da democracia e serviços privados voltados a diferentes públicos, como planos de saúde acessíveis a diversos níveis de consumo.
“Essa melhora tem a ver com ações do Estado no sentido de retomar o desenvolvimento com maior compromisso com a questão social, que Lula promoveu. O modelo social desenvolvimentista implantado foi suficiente para termos algumas mudanças”, declarou Ianoni ao JORNAL DO BRASIL. Para ele, apesar do salário mínimo ainda ser baixo, é “melhor que todos tenham algum salário do que nenhum”, reforçando a questão dos níveis atuais de desemprego, que ele destacou como quase nulos.
A queda de 75,8% da mortalidade infantil é apontado como principal fator para a elevação da expectativa de vida no Nordeste. A concentração de médicos na região, de acordo com Martins, no entanto, ainda é insuficiente. “Não podemos achar que estamos cumprindo maravilhosamente nosso papel, ainda estamos fora dos padrões da OMS. Acredito que as políticas sociais dos últimos anos contribuíram, mas que ainda há muita coisa que pode ser feita”.