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bruna sanielke
Promessas de investimento baixo, com
retorno alto, sem necessidade de venda de produtos, com lucro proveniente da
indicação de pessoas para fazer parte do grupo. Quem já recebeu alguma proposta
desse tipo deve desconfiar de que se trata de uma pirâmide financeira. Segundo
a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça, ganhos
elevados em curto prazo e que dificilmente se veem em investimentos
tradicionais, são sinais do crime contra a economia popular e que geram perdas
financeiras aos envolvidos.
O termo pirâmide vem da estrutura
como a venda é organizada: a pessoa no topo é a primeira a vender o bem ou
serviço para outras pessoas, que também têm a obrigação de continuar com as
vendas, formando vários níveis, ou cadeias, sempre com um novo
"degrau". Nesses casos, os pagamentos dos investidores vêm das
aplicações feitas pelos novos membros. Em algum momento, a cadeia é rompida: os
valores recebidos dos novos recrutados não são suficientes para pagar os
membros mais antigos e os pagamentos começam a atrasar, até o momento em que
param de ocorrer, com prejuízo para os participantes.
Existem sistemas elaborados, que
simulam a venda de produtos. Mas há sistemas mais simples, nos quais sequer há
produtos comercializados ou estes têm pouca ou nenhuma relevância para o
negócio, sendo o incentivo à adesão de novas pessoas a principal fonte de renda
do participante.
Outros sistemas, ainda mais
complexos, tentam confundir a pirâmide financeira com a prática de marketing
multinível, que é totalmente legal e prevê a remuneração do participante pela
venda real de produtos, sem obrigar ninguém a fazer uma adesão. Nesse caso, os
participantes recebem uma comissão pelas vendas efetuadas, as próprias e
daquelas pessoas que recrutou, mas não ganham nada apenas pelo recrutamento de
novos participantes.
Indícios de pirâmide
Conforme a Senacon, os pontos de destaque das pirâmides são: as vendas
efetuadas de modo desproporcional, a pouca informação sobre a empresa e as
chances de ganhos exagerados. Marco Antonio Araujo Junior, advogado e
presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) de São Paulo, diz que ao ouvir uma proposta de investimento muito
melhor do que as tradicionais é preciso "ligar" um sinal de
alerta.>
"A história do dinheiro fácil em
curto espaço de tempo não existe, é o 'negócio da China' que não é real. Toda
vez que aparece uma proposta de enriquecimento muito rápido é preciso
desconfiar. Eventualmente, haverá uma ruptura desse processo e o prejuízo vai
existir."
Caso o participante considere que
está envolvido em uma fraude com indicativos de pirâmide financeira, Araujo
Junior afirma que deve ser feito um boletim de ocorrência no qual constará o
ocorrido e será passível de investigação pela polícia. O próximo passo é
procurar a Justiça. "Se o investidor teve algum prejuízo deve procurar um
advogado o quanto antes para ver se é possível reverter essa perda".
Confira como evitar cair em um
esquema de pirâmide financeira>
1- Investigue a empresa: Segundo o advogado, antes de entrar no
investimento, é preciso investigar a empresa pelo Cadastro Nacional de Pessoas
Jurídicas (CNPJ), tanto em órgãos de defesa do consumidor, como o Procon,
quanto nos sites de reclamações de consumidores - por exemplo, o Reclame Aqui
(www.reclameaqui.com.br) e o Denuncio (www.denuncio.com). Também é possível
verificar informações na Junta Comercial do Estado ou na Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
2- Desconfie de promessas de retornos
elevados com baixo risco: "Rentabilidade e risco costumam andar de mãos dadas. Se é bom
demais para ser verdade, provavelmente não o é. (...) Decida com calma.
Desconfie de oportunidades apresentadas como imperdíveis que exigem, por
qualquer motivo, uma decisão imediata. O objetivo pode ser o de evitar que você
reflita um pouco mais e desista", diz documento da CVM.
3- Tenha certeza de que entendeu os
riscos e as características do investimento: Conforme a CVM, o investidor não deve ter receio de fazer perguntas já
que os golpistas costumam omitir informações sobre as propostas de
investimento. "Se você não consegue explicar a alguém pelo menos as
principais características do investimento escolhido, é porque não o entendeu
completamente. Com formação continuada, você em breve poderá ter mais elementos
para decidir adequadamente", afirma a CVM.
4-Guarde toda a documentação e acompanhe as operações:O advogado sugere que todo investidor
guarde o material de divulgação da proposta, bem como os contratos assinados,
que poderão ser utilizados como meio de prova posteriormente na Justiça ou nos
órgãos de defesa do consumidor. A CVM sugere que o investidor nunca entregue
sua senha a terceiros e também verifique se pessoas contratadas para gerir seus
investimentos tenham registro nos órgãos responsáveis.