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sidney tenório
A greve de caminhoneiros e os recentes bloqueios de rodovias em todo o país afetaram o abastecimento de vários setores do comércio em Maceió, principalmente o de gêneros alimentícios. Aliados a manifestações de estudantes e trabalhadores rurais sem terra, muitos caminhoneiros cruzaram os braços e pararam carretas e caminhões no Sudeste brasileiro, impedindo a chegada de cargas em Alagoas. A falta de produtos já faz com que o preço de alguns deles comecem a aumentar na prateleiras dos supermercados.
A cena de filas de carretas paradas nas margens das rodovias federais se tornou cena do cotidiano em todo o Brasil com a onda de prostestos registradas nas últimas semanas. Na última quinta-feira (11), dia nacional de mobilização, não foi diferente. Os atrasos chegam a quatro dias e muitas cargas perecíveis sequer resistem a esse tempo e chegam ao destino já estragadas.
Ao parar os veículos, os caminhoneiros reivindicaram melhores condições de trabalho, redução do preço do óleo diesel e isenção de pagamento de pedágio. Outra exigência é a exclusão de um projeto aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados que flexibiliza o período de descanso para caminhoneiros e permite jornadas mais longas para a categoria.
Abastecimento afetado
Dono de uma cervejaria no bairro da Jatiúca, o empresário Rafael Rolim também vem sentindo em seu estoque o efeito os problemas com a falta de transporte de cargas. Segundo ele, a previsão para a chegada de cervejas vindas de várias partes do país ainda é de cerca de 15 dias. "Ainda nem parei para avaliar os prejuízos", disse.
O presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA), empresário Raimundo Barreto, que é dono de uma distribuidora de alimentos em Maceió, afirmou que os protestos e o movimento dos caminhoneiros já estão refletindo no abastecimento de produtos em Maceió. "As cargas ficam paradas vários dias e não conseguem chegar nas capitais. Aqui não é diferente e os reflexos já começam a ser percebidos nas prateleiras", ressaltou.
Raimundo Barreto frisou ainda que a situação mais complicada é dos produtos perecíveis, que estragam rápido e já saem com data certa para chegar nos supermercados. "No caso das frutas e verduras elas precisam ir rápido para as preteleiras. Já os congelados até que resistem um pouco mais de tempo no freezer dos caminhões, mas também há um limite de prazo", explicou o empresário.
Sem esses produtos chegando de forma regular, os empresários aumentam o preço dos produtos. É a lei da oferta e da procura. Quem ainda tem os produtos no estoque eleva os preços. "Esperamos que toda essa situação seja regularizada porque todos perdem com isso. Os empresários que deixam de vender seus produtos, os transportadores porque ficam com o prejuízo da carga estragada e o consumidor que termina pagando mais caro", disse Raimundo Barreto.
PF investiga paralisações
A Polícia Federal está investigando a paralisação dos caminhoneiros, porque existe a suspeita da ocorrência de locaute - paralisação de serviços coordenada pelo setor patronal. A prática, conforme ressaltou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é considerada crime pela legislação brasileira.
De acordo com Cardozo, as suspeitas foram apresentadas pelo ministro dos Transportes, César Borges, que lhe enviou um ofício solicitando "a adoção das providências cabíveis para apuração de eventual ilícito penal praticado". Ele garantiu que o governo vai agir com "o máximo rigor" e que os indícios dessa prática são "fortes".