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Saúde
05/07/2013 15:34:48

Vigilância Sanitária acredita que surto vai além de distribuição de água sem tratamento

Vigilância Sanitária acredita que surto vai além de distribuição de água sem tratamento
SESAU em Maceió

cadaminuto //

ludmila calheiros

 

O surto de diarreia que atingiu vários municípios do interior de Alagoas, acarretando na morte de trinta e sete pessoas desde a segunda quinzena de maio deste ano até o mês de junho, teve sua causa divulgada pelo Ministério da Saúde, a distribuição de água sem tratamento realizada por carros-pipa. A Superintendência de Vigilância à Saúde informou que esta é apenas uma possível causa e que o longo período de estiagem fez com que a população das regiões afetadas procurasse água em fontes não seguras, vindo contrair a doença.

 

A superintendente do órgão, Sandra Canuto, revelou que há um acompanhamento durante todo o ano e que as medidas tomadas em relação ao caso continuam sendo as mesmas desde que houve o registro das primeiras ocorrências.

 

“Nosso trabalho é constante e se intensificou desde que registramos o princípio do surto, no município de Palmeira dos Índios, posteriormente se disseminando pelo Agreste e Sertão. Coletamos água e também as fezes dos pacientes para realizarmos análises. Visitamos cada município afetado ou sob riscos, verificamos a situação de poços, cisternas e distribuímos hipoclorito para que a própria população trate a água que irá consumir”, ressaltou.

 

A distribuição de água a população do Semiáridofica a cargo do Exército, que utiliza 5.267 carros-pipa para abastecer mais de 76 mil pontos de captação. Ainda segundo Sandra, a água vem de uma fonte segura de uma concessionária no município de Pão de Açúcar, o que há faz acreditar que os riscos sejam diminuídos e que o maior problema esteja na grande estiagem que tomou conta destas regiões desde 2012, fazendo com que a população não utilize apenas o que recebe por meio do Exército.

 

“A situação da seca é muito complicada. As pessoas buscam fontes alternativas em poços, cisternas, córregos, que não são seguras. Nos atuamos, mas não conseguimos controlar esse consumo. Até mesmo águas de carros-pipa irregulares são consumidas”, informou a superintendente.

 

Além desse acompanhamento com a população, a Vigilância Sanitária, da Secretária de Estado da Saúde (Sesau) disse ter reuniões constantes com os gestores dos municípios afetados orientando-os para que desenvolvam ações junto aos seus moradores.

 

De acordo com o documento do Ministério da Saúde, as análises da água para consumo humano coletadas em Alagoas apontaram a presença de diversos tipos de micro-organismos causadores de doença, como Escherichiacoli, Shiguella,Salmonella, Salmonella typhi, Vibrio cholerae, rotavírus, protozoários e cianobactérias. Sobre isso Sandra Canuto ressaltou que das análises realizadas nas trinta e sete mortes confirmadas por diarreia, muitas foram causadas pelo consumo de água com bactéria, mas que também há casos de circulação do vírus da doença, que não é causado pela água.

 

Números do surto

A situação alarmante atingiu cinquenta municípios, provocando trinta e sete mortes. A situação mais grave é da cidade de Palmeira dos Índios que registrou 7.280 atendimentos e dez mortes. Entre os mortos em todo o Estado, 52% tinham idade acima de 60 anos e 38% tinham menos de 1 ano de idade.

 

Em nota técnica

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) disse ter iniciado uma articulação com o Exército e a Defesa Civil estadual, objetivando a desinfecção da água dos carros-pipa. A ação estaria ocorrendo com colaboração da Funasa e com a Secretaria de Recursos Hídricos do estado.