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jessica vasconcelos
O desespero de uma família que está perdendo a filha de 17 anos
para as drogas
faz com que ela venha sendo mantida acorrentada na cama há quase uma ano. Por
não mais saber como agir, a família pede socorro e tratamento para a
adolescente que pode caminhar somente da cama para a janela. A própria menina
pede ajuda para se livrar do vício.
Ela, que é usuária desde os 14 anos, conta que começou usando
maconha, mas que já experimentou drogas
pesadas, como cocaína e óxi.
Com um olhar de criança que pede ajuda, a menina, que estudou até
a 5ª série, conta que adora ler todos os tipos de livros, mas que ultimamente
tem lido bastante a Bíblia.
Na última terça-feira, por um descuido dos pais, ela conseguiu
fugir e passou a noite pelas ruas. Na manhã seguinte, com a ajuda dos vizinhos,
a adolescente foi encontrada desmaiada em uma rua próximo à residência da
família e foi novamente acorrentada.
A mãe da menina conta que sabe que o que está fazendo é crime, mas
que já não sabe o que fazer para ajudar a filha.
O casal, que tem oito filhos, relata que duas filhas já estão “nas
drogas” e que já não sabem o que fazer para conseguir tratamento para as
filhas.
De acordo com a mãe da menina, vários órgãos já foram acionados
mas ela não conseguiu o apoio de nenhum. “Estive no Conselho Tutelar e no
Tribunal de Justiça: todos disseram que não podiam fazer nada e enquanto isso
nós ficamos lutando com as nossas filhas sem saber o que fazer”, disse a mãe.
Para tentar controlar a agressividade da adolescente, os pais
recorreram ao Hospital Eduardo Ribeiro, onde a menina passa por um tratamento
psiquiátrico e recebe medicação controlada. O pai, que é vendedor de pão,
explica que quando ela não toma a medicação é impossível controlá-la, pois ela
grita e incomoda os vizinhos, que chamam a polícia.
Por ainda não ter sido consultada este mês, no hospital, a adolescente
tem passado os dias gritando sem medicação, o que piora o caso e a faz ter
alucinações pela falta da droga.
No momento da conversa com o jornal A CRÍTICA, em que a mãe se
afastou da filha de 13 anos, ela contou que os pais também são usuários dr drogas
e que praticamente todos os dias apanha deles. “Estou aguardando o momento
certo para denunciar. Se eles continuarem batendo vou chamar a polícia”, disse.
Sem alternativa
A busca por ajuda partiu de um pedido desesperado da tia das
adolescentes para o Instituto Amazônico da Cidadania (IACI). Ao procurar a Ong,
a família contou que já não “aguenta mais”. “Já procuramos tratamento na
Fazenda da Esperança, mas eles exigem vários exames além da entrega de dez
cestas básicas por mês para que possa fazer o tratamento. Não temos condições
de pagar esse tratamento, custa muito caro”, disse a mãe. O representante da
Ong que recebeu a denúncia, mas não teve o nome revelado, explica que é muito
comum casos como esse em famílias de baixa renda.