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Justiça
11/06/2013 00:23:00

Chacina ocorrida na 'Ponte do Mata Quatro' em União que levou ONU a denunciar Alagoas será julgada nesta terça feira

Chacina ocorrida na 'Ponte do Mata Quatro' em União que levou ONU a denunciar Alagoas será julgada nesta terça feira
Ponte do 'Mata Quatro' - arquivo Tribuna

tudonahora //

ricardo mota

 

O juiz Maurício Breda vai presidir, nesta terça-feira, mais um julgamento histórico e de repercussão internacional.

Só que, agora, vítimas e réus não são nomes de destaque – pela sua fortuna ou poder político.

Mas trata-se de uma chacina, ocorrida em setembro de 2002, em União dos Palmares, que levou o estado de Alagoas a ser denunciado em um relatório da ONU, em que foram registrados vários crimes bárbaros e impunes praticados no Brasil.

Os mortos eram jovens, negros, chamados, então, de “cheira-cola”. Eles foram executados com tiros na cabeça. Segundo a perícia, foram mortos de joelhos, sem qualquer chance de defesa.

Eram eles:

- Tiago Holanda Silva, 18 anos (sobre quem não pesava qualquer suspeita);

- Sizenando Francisco da Silva, 17 anos;

- Sydrônio José da Silva, 16 anos;

- Maurício da Silva, 19 anos.

Os quatro eram amigos. Dois deles tinham passagens pela polícia, por suspeita de pequenos furtos, e teriam sido executados pelos chamados “Ninjas”, de União dos Palmares, um grupo de extermínio com muitos tentáculos no poder.

No banco dos réus estarão, amanhã, dois policiais militares: o cabo Eraldo Tadeu e o subtenente Antônio Batista de Lima Neto.

Testemunhas mortas

Duas testemunhas do caso, que chegaram a depor na polícia, foram assassinadas – uma delas, no Baldomero Cavalcante, aqui em Maceió.

O caso só foi adiante graças à ação destemida do promotor Tácito Yuri, da comarca de União dos Palmares, que chegou a ser também ameaçado.

O julgamento foi transferido para Maceió depois de muitas polêmicas, por decisão do Tribunal de Justiça.

Atuarão na acusação os promotores Marília Cerqueira e Flávio Gomes.

Já se vão treze anos, praticamente.

As vítimas não são pessoas famosas, não foram julgadas, mas receberam a sentença de morte.