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mariana paula autran
Os
idosos são a faixa etária com mais registros de calotes no SPC Brasil (Serviço
de Proteção ao Crédito). Em maio, um em cada quadro inadimplentes tinha 65 anos
ou mais. O cadastro contabiliza dívidas com atraso no pagamento superior a 90
dias.
De
acordo com a instituição, a inadimplência dos idosos tem se mantido nessa média
de 25% desde o início do ano, quando o levantamento considerando a idade dos
devedores começou a ser feito.
O
gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, aponta algumas razões.
Primeiro, quando a pessoa se aposenta, costuma haver uma redução na renda.
Depois, há um aumento dos gastos com a saúde, com itens como remédios e exames.
Há também a influência da expansão do crédito, que faz os bancos terem uma postura mais agressiva, principalmente em relação ao empréstimo consignado, com desconto direto na folha da aposentadoria, comum nessa faixa etária, afirma.
Outro fator que pode influenciar, diz Borges, é o empréstimo do nome do idoso para outra pessoa conseguir tomar crédito.
O
planejador financeiro Valter Police destaca que a facilidade de o idoso obter o
crédito consignado é uma das razões para que esse consumidor seja "usado"
por parentes. "Nesse caso, a família acaba ficando com mais uma dívida, em
nome do idoso, e é ele que fica inadimplente."
Por
isso, especialistas orientam que o idoso evite pegar empréstimos para
familiares e amigos.
CUIDADOS
Para
evitar problemas financeiros na velhice, é importante começar a poupar na
juventude e fazer uma reserva para as despesas com saúde. De acordo com a
educadora financeira Cássia D'Aquino, os gastos nessa área aumentam a cada três
anos na terceira idade.
"Com
isso, a parcela de um consignado que cabe no orçamento hoje pode ter um peso
muito maior daqui a três anos, pois ele já vai estar comprometido com mais
gastos com saúde", diz.
Para incentivar o processo de poupança, Cássia recomenda programar qual o estilo de vida desejado na terceira idade, com objetivos definidos, como lugares que a pessoa quer conhecer.
Valter Police recomenda fazer um plano de previdência privada desde o início da vida produtiva. Pode ser um VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) ou um PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), entre outras aplicações, como fundos multimercados, de ações ou títulos públicos.
O
consultor destaca que as pessoas vivem mais hoje. "Antigamente, você
pensava em dez ou quinze anos depois da aposentadoria. Hoje, tem que fazer o
plano pensando em 30 anos", diz.
Após
a aposentadoria, também é importante ter em mente que o padrão de vida tende a
ser, em geral, mais baixo que o que se tinha na época de trabalho.