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ana célia ossame
Esta, que é a oitava maior cheia já registrada no Estado, deve chegar ao nível de, no máximo, 29,71 metros até o final de junho, conforme foi anunciado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
Apesar de estar num ritmo mais lento, a
cheia do rio Negro deste ano continua e traz não só tristeza, mas também
alegrias para quem mora em áreas mais baixas da cidade.
Enquanto na rua Frei José dos
Inocentes, no Centro, Zona Sul, o funcionário público Willyson Gonçalves
Marques, 35, reclama que a via começou a alagar depois do aterro promovido pela
Marinha nas proximidades do 9º Distrito Naval, na rua Wilkens de Matos, no
mesmo bairro, os meninos Pablo Miguel e Natanael Aguiar pescam sardinhas,
piranhas, matrinxã e outros peixes que, segundo revelam, são fisgados no anzol,
para a alegria deles.
Esta, que é a oitava maior cheia já registrada
no Estado, deve chegar ao nível de, no máximo, 29,71 metros até o final de
junho, conforme foi anunciado na última semana no Terceiro Alerta da cheia,
feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Se chegar a este volume, ficará
entre as três maiores, atrás da cheia ocorrida em 2012 - a maior de todos os
tempos, com 29,92 metros -, e de 2009, quando a cota foi de 29,77 metros.
A Defesa Civil de Manaus já registrou
um total de 14 bairros atingidos pelas águas, que são Morro da Liberdade,
Educandos, Compensa, Mauazinho, São Raimundo, Glória, São Jorge, Colônia
Antônio Aleixo, Aparecida, Centro, Raiz, Betânia, Presidente Vargas e São
Geraldo.
Aterro
Segundo Willyson, morador da rua Frei
José, desde 2011, após as obras de aterro feitas na área ocupada pela Marinha,
a rua passou a alagar, porque as águas invadem a rua pela canalização do
esgoto. Uma das primeiras construídas na cidade, com moradias antigas, a Frei
José tem casas tombadas pelo patrimônio histórico, como é o caso da residência
do servidor público, que lamenta ver aquela situação.
Mas quem está alegre com a enchente
invadindo várias ruas do Centro, como a Wilkens de Matos, são os garotos Pablo
Miguel da Costa Silva, 9, e Natanael Aguiar, 14, que agora passam os sábados e
domingos pescando com anzol. A coleta é boa, segundo dizem, pois já pescaram
sardinha, piranha, matrinxã, tucunaré, aracu, jaraqui, mandii, bodó e outros.
“É muito divertido ficar aqui”, disse Pablo, que encontra minhocas para fazer
iscas. Natanael garante levar os peixes maiores para casa e, se depender da
vontade dele, a cheia pode continuar que assim a diversão está garantida.
Cheia atinge
ruas no bairro da Betânia
No bairro da Betânia, Zona Sul, várias
ruas já foram atingidas pelas águas da cheia, como a rua Independência. Mas o
fato não preocupa moradores experientes, como dona Francisca Castro Moraes, 86.
Moradora do local desde a década de 70, ela avalia que o ritmo lento do avanço
das águas indica que esta cheia não será tão severa como a de 2012.
Para ela, que chegou a ver praias
naquela área, hoje dá tristeza ver toda sujeira e destruição do igarapé. “Eu
ainda lembro de ver os peixes brilhando nessas águas”, contou a moradora, que
nadava e se divertia nas águas do Igarapé da Betânia.