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carolina sanches
Inconformados com as declarações da Polícia Civil de Alagoas, que, em abril deste ano, acusou Vanessa Ingrid da Luz, 19, pela morte da universitária Bárbara Regina Gomes, 21, familiares da jovem disseram que vão ingressar com uma ação na Justiça contra os delegados responsáveis pelo caso.
A família duvida da versão da polícia, que aponta que ela era garota de programa e que foi assassinada e esquartejada por dever uma quantia em dinheiro à Vanessa. O inquérito do assassinato foi entregue ao Ministério Público, mas o promotor Marcos Mousinho diz que serão necessárias provas mais detalhadas para fazer a denúncia contra a acusada.
A universitária desapareceu em setembro do ano passado, após deixar uma boate no bairro da Pajuçara, em Maceió. A primeira versão da polícia, apresentada vinte dias depois do desaparecimento da estudante, dizia que a ela havia sido estrangulada e assassinada a golpes de punhal por Otávio Cardoso da Silva Neto. Na ocasião, a suspeita era de que Bárbara havia sido morta porque se negou a ter relações sexuais com o suspeito.
Por causa das duas versões apresentadas pela polícia, a família de Bárbara Regina ficou com muitas dúvidas sobre a linha de investigação da polícia e pediu ajuda ao Ministério Público para tentar descobrir o que realmente aconteceu.
A dúvida se dá porque a acusação é baseada no depoimento do primo de Vanessa, Thiago Anderson de Oliveira Santos, 25, que está preso por outro crime. Ele foi apresentado em uma entrevista coletiva e disse que não participou da morte de Bárbara, mas soube de todos os detalhes porque era a pessoa de confiança da Vanessa. Thiago contou que Bárbara era garota de programa e fazia parte da rede de prostituição comandada por Vanessa há mais de um ano através de um site.
As afirmações revoltaram familiares de Barbara. A avó dela, Tereza de Jesus Araújo, insistiu que a família vai processar os delegados Carlos Reis, Antônio Nunes e Cícero Lima, que apresentaram a nova versão para o caso.
“Eles não tinham o direito de fazer uma declaração baseados apenas no depoimento de uma pessoa. E o pior foi a forma com que isso foi exposto para a imprensa. A família da Barbara sequer foi chamada e recebeu a notícia de surpresa. Minha neta era uma pessoa que vivia de casa para o trabalho. Se fosse isso que estão falando nós saberíamos”, reclamou.
A avó da jovem acredita que a declaração da polícia só foi feita porque, um dia antes, a desembargadora Elisabethe Carvalho havia cobrado um esclarecimento para o caso. “Foi uma irresponsabilidade apresentar essa versão sem que os fatos fossem apurados. Isso acabou com a nossa família que já estava sofrendo desde o desaparecimento da Bárbara”, lamentou.
Tereza disse que está acompanhando o trabalho do Ministério Público nas investigações e vai aguardar uma conversa com o promotor para ingressar com a ação. “Quando os delegados fizeram a declaração à imprensa, eles falaram que havia outras provas do envolvimento de Bárbara, mas isso não foi apresentado. Ate os amigos de Bárbara estão revoltados com essa acusação”, completou a avó.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil de Alagoas informou que os delegados não vão falar sobre o caso neste momento.
Entenda o caso
Bárbara Regina desapareceu no dia 1º de
setembro do ano passado. As câmeras de segurança do estabelecimento filmaram a
universitária saindo de uma boate no bairro da Ponta Verde em companhia de um
homem identificado como Otávio Cardoso. Esta foi a última imagem da jovem com
vida.
Em dezembro, o carro que teria sido usado para levar a vítima foi encontrado pela polícia. O veículo estava com Antônio Nunes de Brito, 23, que foi preso em flagrante por receptação e falsificação de documentos. Cardoso, principal suspeito pela morte da estudante, continua foragido.