Situações de vida real (3)
“O
assunto é Cardiológico. Olá como vai? Meu nome é
XXXX e sou do Corpo de Bombeiros de Alagoas. Gostaria de saber se o aferidor de
pressão digital via pulso pode ser utilizado em pacientes deitados. Pergunto
porque recentemente vi esse produto e conversando com colegas eles me falaram
que esse
aparelho só poderia ser usado sentado. Então fiquei na
dúvida. Tenho a pretensão de usá-lo no resgate, por
conta
da viabilidade e praticidade do aparelho. Existe
alguma
restrição realmente? Desde já agradeço a atenção”.
Estimado, vamos responder a sua pergunta por
partes:
a)
O equipamento de pulso pode ser utilizado com o
paciente deitado? A resposta é não. A melhor forma de utilizar um equipamento
de pulso é com o paciente sentado, utilizando uma técnica que propõe cruzar o
braço esquerdo em direção ao ombro contrário. De maneiras, que o equipamento
fique próximo da localização do coração. Já temos no mercado equipamentos de
pulso com o sistema denominado de APS, que na verdade é um sensor de altura que
permite determinar essa proximidade do equipamento ao coração. Alguns até
sinalizam com erro esse afastamento, se ocorrer;
b) Não
aconselharia ainda o uso profissional dos equipamentos de punho (pulso). As
validações ainda não são suficientes para acreditar num diagnóstico adequado de
normotensão e hipertensão. Esse equipamento está em evolução e tem um futuro
alvissareiro;
c) Como
existem tantas restrições, esses equipamentos que já são os mais vendidos em
todo o mundo pela sua praticidade e portabilidade, servem para que? Posso dizer
que são importantes ferramentas utilizadas para a chamada automedida da pressão
arterial. Essa indicação já está referendada pelas V Diretrizes de MAPA e III
de MRPA, como importante forma de verificar adesão e controle dos pacientes
hipertensos em uso de medicação anti-hipertensiva. Aconselha-se que o paciente
tendo um aparelho desses em casa proceda da seguinte maneira: faça medidas da
pressão arterial duas vezes pela manhã antes de tomar o remédio (obedecendo à
técnica de medidas convencionais) e duas vezes antes do jantar, durante os três
dias que antecede às consultas. Isso totaliza um conjunto de 12 medidas.
Proceda a realização da média e leve já anotada no dia da consulta. De posse
dessa informação o médico pode avaliar o controle, e na dependência da
validação do equipamento utilizado, pode até fazer ajustes na medição ou
solicitar avaliações complementares.
Marco Mota
É médico
cardiologista
E-mail: mota-gomes@uol.com.br