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cláudia galvão
A dignidade que é negada em vida à maioria dos cidadãos em Alagoas também é desconsiderada na morte. Uma família de Marechal Deodoro tenta há mais de seis horas o traslado do corpo do desempregado Juricárliton Alves, de aproximadamente 40 anos, que morreu no início da manhã de hoje, na Rua Pegi, Povoado Pedras, na periferia do município. A causa da morte seria clínica.
Desde então, a família tenta que os órgãos competentes recolham o corpo e o encaminhem para o Instituto Médico Legal de Maceió, onde será submetido à necropsia. Mas a burocracia impediu até o momento a realização do procedimento de praxe.
A assessoria da Perícia Oficial (Poal), ao qual o IML é vinculado, informou que por se tratar de morte clínica cabe ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) o recolhimento do cadáver. O SVO, no entanto, teria informado à Delegacia de Marechal Deodoro que por se tratar de cidade no interior do Estado – Marechal fica a menos de 30 quilômetros de Maceió – não poderia fazer o recolhimento.
Revoltados com a situação, moradores da cidade foram orientados por policiais civis a recolher o corpo e encaminhá-lo ao IML por conta própria. A orientação, no entanto, fere a norma do IML, que só aceita a entrada de corpos mediante a apresentação da pulseira de identificação.
Enquanto os órgãos competentes declinam das suas responsabilidades, a família de Juricárliton ameaça atear fogo a paus e pneus e interditar a AL 101 Sul em busca de uma solução para o caso. O corpo, com mais de seis horas de exposição, se tornou mais um elemento na paisagem da periferia da grande Maceió.