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A psicóloga Maria do Carmo Lopes, 32, que morreu esta semana, em Maceiópode ter sido a primeira vítima do vírus H1N1 no estado de Alagoas em 2013. Internada sob suspeita de resfriado, ela morreu menos de uma semana após apresentar os primeiros sintomas.
Parentes da vítima estão inconformados com a morte. Segundo o marido da
psicóloga, Adalberto Santiago, a esposa foi encaminhada ao hospital após
apresentar sintomas de gripe.
"Ela reclamou de dores na garganta em um
dia e, no outro, amanheceu com febre e calafrios. Quando nós a levamos ao
hospital constataram que era uma pneumonia. No dia seguinte ao internamento, o
problema se agravou, houve um avanço muito rápido e o organismo não respondeu
aos medicamentos”, expôs Santiango.
A família de Maria do Carmo relata que, como causa da morte, consta no atestado de óbito parada respiratória provocada por uma pneumonia aguda. Mas, para os parentes, não há dúvida de que se trata do vírus H1N1, principalmente pela forma como o quadro se agravou.
“Não deixaram a gente ter contato com ela. Não foi o procedimento normal para uma pneumonia. Mesmo depois da morte, não podíamos nos aproximar, já que eles disseram que havia risco de contaminação. A verdade é que o Estado de Alagoas está cobrindo esse caso”, relata o irmão da vítima, Alex Teles, ao enfatizar que só tinha autorização para se aproximava de Maria do Carmo com luvas e máscara.
Segundo a família, o caso foi tratado como pneumonia na maior parte do tempo, embora fosse visível que os sintomas eram mais graves. Eles alegam que houve despreparo no atendimento do hospital Unimed.
“Falaram que os rins já estavam comprometidos e recomendaram a transferência para o Hospital do Açúcar, dizendo que lá eles tinham a máquina que realiza a hemodiálise. Mas lá, os médicos falaram que não havia necessidade, que os rins ainda estavam funcionando. O que dá a entender é que a Unimed não queria assumir a responsabilidade, queriam jogar para os médicos do Hospital do Açúcar o problema”, diz Alex Teles.
Os familiares também contam que o Estado não os procurou para adotar as medidas de combate ao vírus. “Pegaram nossos números, disseram que realizariam um acompanhamento e ofereceriam vacina, mas nada disso foi feito”, revela.
A gerente do Núcleo de Doenças Imuno-Previsíveis da Secretaria de Saúde do Estado (Sesau), Claudeane Santos, afirma que procurou a família. 'Nós tentamos entrar em contato através do número que constava no cadastro da paciente, mas ninguém atendeu", expõe.
Na ocasião, a gerente da Sesau informou que no ano passado foram confirmados dois casos de morte por H1N1 em Alagoas. Segundo ela o vírus enfraqueceu e não está tão forte como em 2009, quando houve uma pandemia no país. Claudeane Santos ainda conta que fatores como uma doença existente ou imunidade baixa no organismo de Maria do Carmo podem ter contribuído para o agravamento do quadro. Mas, segundo a gerente, só é possível entender o caso quando o laudo da análise do vírus chegar.
“A análise não foi feita em Alagoas porque não temos o PCR, um exame muito específico, detalhado, que consegue visualizar o DNA do vírus. Nós realizamos a coleta e encaminhamos à Fiocruz. Mas como há uma grande demanda, não só daqui, mas de todo o Brasil, o resultado demora de 15 a 20 dias”, explica a gerente.