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geovan benjoino
A intensificação da violência em Palmeira dos Índios está provocando insegurança
generalizada e aterrorizando a população. Quase todos os dias a polícia registra
ocorrência de furtos, assaltos e homicídios praticados contra pessoas comuns,
empresários e até mesmo autoridades, vítimas da bandidagem.
Os marginais,
cada vez mais ousados, não temem mais os órgãos de segurança pública, impotentes
diante da nova realidade. Esta semana, por volta das 14h00, um correspondente
bancário foi assaltado em R$ 35 mil. O estabelecimento localiza-se na vizinhança
do Quartel Geral da Polícia Militar. O Kacto´s Motel foi invadido por
seismarginais que praticaram arrastão levando dinheiro, pertences dos clientes e
funcionários e um veículo do proprietário. Um preso ao fugir levou consigo uma
motocicleta de dentro da delegacia de policia. Ainda nesta semana foram
cometidos furtos e assaltos contra mercadinhos na periferia e, pela manhã,na
Praça das Casuarinas o proprietário de um veículo perdeu o carro noutro assalto
diante de transeuntes e moradores da localidade. Mês passado bandidos assaltaram
a diretoria do Centro Sociedade Esportiva (CSE) levando R$ 55 mil que eram
destinados ao pagamento da folha dos jogadores.
Com relação a homicídios,
a prática tornou-se rotina. O uso do crack – a droga do momento que se
transformou numa epidemia, aumentou assustadoramente o número de assassinatos,
sobretudo de adolescentes e jovens, que não conseguem “honrar” o pagamento do
consumo do entorpecente. Aqueles que furtam e assaltam para comprar crack,
quando não são assassinados por traficantes são sentenciados por “justiceiros”,
engrossando assim as estatísticas dos crimes em Palmeira dos Índios – palco da
pena de morte há muito tempo decretada pela criminalidade.
4ª do
Brasil: Texto veiculado no jornal Extra (de Alagoas)
Em
março deste ano Palmeira dos Índios conquistou o primeiro lugar em Alagoas e o
quarto no Brasil em armas de fogo, de acordo com levantamento realizado em todo
o país pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), uma fundação
federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República, criada em 1964. A pesquisa levou em consideração o número de
homicídios e suicídios, que proporcionalmente superaram Maceió e Arapiraca,
cidades conhecidas pelo histórico de violência.
Os mototaxistas – em
torno de 400 – sentem na própria pele os efeitos maléficos da violência. Eles
também sofrem furtos e assaltos e, alguns perderam a vida, assassinados pela
bandidagem.
As mulheres – de vez em quando – são estupradas. Traumatizada
e constrangida boa parte das vítimas não registra ocorrência. Prefere a omissão
e o silêncio. A prática do estupro, que era rara, está aumentando com o passar
do tempo.
A cidade não tem cadeia para encarcerar os criminosos. A atual
delegacia – que funciona provisoriamente na Avenida Muniz Falcão, não dispõe de
estrutura para tal. Os presos são transferidos para Arapiraca e cidades vizinhas
por determinação judicial. A antiga delegacia – que funcionou durante décadas
num prédio do Hospital Regional Santa Rita foi interditada e está passando por
uma reforma resultante de uma parceria entre governo do Estado, prefeitura e
sociedade. Diversas fugas ocorreram devido a fragilidade das paredes,
construídas com areia, barro e cal. Muitos conseguiram fugir usando simples
colheres e facas de mesa que furaram a deficiente estrutura física. Falta também
um Instituto Médico Legal (IML). O prédio que foi iniciado há seis anos, às
margens da BR-316, para sediar o instituto na cidade foi literalmente abandonado
transformando-se num elefante branco em meio ao matagal.
Outrora cidade
pacata, inclusive denominada “Cidade do Amor” em virtude da tranquilidade e da
gentileza, carinho e hospitalidade de seu povo que se divertia e se
confraternizava nas praças e clubes sociais, Palmeira dos Índios vive assustada,
insegura, traumatizada e impotente diante da violência que a tornou sua
refém.
Com cerca de 70 mil habitantes e a terceira cidade de Alagoas, em
1928administradapelo escritor Graciliano Ramos, Palmeira dos Índios sofre por
falta de políticas públicas que proporcionem a absolvição da mão de obra ociosa,
especialmente do segmento juvenil envolvido no consumo do crack, cujos
malefícios sociais constituem um desafio para todos: governos e sociedade.
A construção de praças com equipamentos para a prática de ginástica
também constitue iniciativa importante no combate às drogas e à criminalidade. É
evidente que outras iniciativas devem ser tomadas, como qualificação
profissional, mais policiamento ostensivo e mais ações na educação, saúde e
segurança, entre outras.