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ana claudia almeida
O sofrimento pela perda ficou ainda mais dolorido para a família da servidora pública Cleria Lilian Vilas Boas, 35 anos, encontrada morta na tarde desta quinta-feira (28) em seu quarto na cidade de União de Palmares. Isto porque, uma verdadeira tortura emocional se abateu entre familiares e amigos que aguardam por mais de 24 horas a liberação do corpo pelo Instituto Médico Legal em Maceió.
A morte de Cleria Lilian foi constatada ontem por volta das 14h quando uma tia entrou em seu no quarto e a avistou morta em cima da cama. A peregrinação da família começou após acionar o IML que só fez o recolhimento do corpo por volta das 21h, conforme informações de amigos da vítima.
Os procedimentos legais mostram que o corpo deveria ser trazido para Maceió onde passaria por exames cadavéricos, com um odontolegista. Já em estado de putrefação, os demais exames deverão ser feitos em Arapiraca, isto porque, em Maceió, as necropsias estão sendo realizadas no Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e não há condições de fazer esses exames em corpos em avançado estado de decomposição como é o caso de Cleria Lilian.
O problema fica ainda mais sério já que, devido o feriado, o quadro de funcionários do IML fica reduzido, como afirmou um servidor que estava de plantão no local. "Só estamos com dois carros disponíveis hoje e eles mal pararam. Não há como fazer a transferência do corpo para Arapiraca hoje e isso só deve acontecer neste sábado, até porque aqui será realizado um exame com o odontolegista", colocou.
Esse é outro problema. Na escala desta sexta-feira, não havia um profissional escalado para o serviço. Antes de seguir para Arapiraca, o corpo deve passar pelas mãos do odonto, para dar continuidade aos procedimentos legais exigidos.
"Não se pode liberar o corpo, porque se chegar em Arapiraca sem o exame que deverá ser feito aqui o corpo irá voltar. Mas isso, infelizmente só poderá acontecer amanhã", afirmou o funcionário, lembrando que a mudança de escala começa às 7h.
Mesmo com todas as justificativas, familiares e amigos da vítima estão angustiados com tanta demora e falam que a situação vivida é uma falta de respeito com a amiga, que não poderá ter um enterro digno. "A família e os amigos estão na casa onde ela morava esperando a chegada do corpo para velório, mas isso não vai acontecer, porque quando conseguirmos a liberação ela terá que ser rapidamente enterrada", lamentou Olívia de Cássia, amiga de longa data da servidora.
Angustiada e às lágrimas, Olívia de Cássia disse que chegou a entrar no IML para ver o corpo e ficou estarrecida com a imagem que guardará na memória da amiga. "Ela está no chão, já que as geladeiras do IML estão todas ocupadas. São vários corpos no chão. Ela já está em decomposição e ficamos indignados com esse descaso do governo", contou.
A família tenta contato com as autoridades para tentar agilizar a liberação do corpo.