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joão paulo farias
A longa estiagem que afeta a Zona da Mata alagoana foi discutida na manhã desta quinta-feira, 21, durante assembleia geral com centenas de agricultores de várias localidades do município, que estão sofrendo com grandes perdas na agricultura e pecuária.
A assembleia foi convocada pela Secretaria de Agricultura de União, com o objetivo de os agricultores relatarem os problemas que estão enfrentando para, dessa forma, o município decretar situação de emergência por causa da seca.
Segundo Gustavo Pedrosa, secretário de Agricultura de União, o decreto de emergência é uma das formas de amenizar essa situação e tentar salvar a produção dos agricultores do município. “Essa situação é alarmante, nunca vimos uma seca dessa na nossa região, vamos sim trabalhar junto com o prefeito Beto Baía, para reverter essa situação”, disse Gustavo.
O secretário de Meio Ambiente, Macário Rodrigues, divulgou um dado que considera alarmante. Segundo ele, essa é pior seca dos últimos 60 anos, como mostram os dados levantados pela sua secretaria junto com a de Agricultura. Macário disse que está bastante preocupado. Com a questão da estiagem na região.
“Um levantamento feito desde a nascente do Rio Mundaú, em Garanhuns, até aqui, revelam que há trechos que não dá um metro de largura, e o pior é que os afluentes estão secando”, disse.
Os prejuízos com a seca, que até então era realidade do sertanejo, foram levantados pelo representante do Banco do Nordeste, Benedito José. Segundo ele, a natureza está dando resposta, pelas agressões que sofre.
“O Banco do Nordeste está à disposição para ajudar o agricultor, que está sofrendo com as perdas na sua produção”, disse.
Representando a Secretaria de Estado da Agricultura, Dr. Viana observou que é fundamental lutar daqui para frente, já que esse é uma situação nova para essa região. “Os sertanejos já estão organizados na luta contra a seca, com a publicação do decreto de emergência, vocês podem conseguir apoio do governo estadual e federal”, ressalta.
Sentindo na pele o sofrimento dos agricultores da região, o representante do Movimento Sem Terra – MST, José Carlos, passou a situação que se encontra várias localidades da zona rural de União, dando ênfase às regiões produtoras, como o Vale da Pelada e Santa Maria. “É uma situação de calamidade pública; o poder público tem que tomar atitudes para amenizar isso”, destaca José Carlos.
Para o vereador Cícero Aureliano (Tita) (PMN), o Poder Legislativo está bastante preocupado com a estiagem. O parlamentar observa que nas sessões ordinárias da Casa de Hermano Plech o assunto é discutido e que está acompanhando um grupo de ambientalistas que está trabalhando para preservar o Rio Mundaú. “O povo não está mais suportando essa situação de calamidade”, disse Tita.
O deputado federal Francisco Tenório (PMN) defendeu a preservação e recuperação das nascentes. Preocupado com a estiagem na região ele disse que vai mobilizar o Governo Federal para ajudar na amenização desse problema. “O rebanho leiteiro está morrendo por causa da seca”, disse.
Para o prefeito Beto Baía (PSD) a situação é critica e caótica. Ele observa que há dois anos o Rio Mundaú destruiu cidades e hoje está seco.
“O meu governo vai trabalhar para minimizar essa situação; vamos pedir ajuda aos governos do Estado e Federal para vocês”, disse Beto, acrescentando: “Não estamos preparados para a seca, estamos sentindo na pele o que passa o sertanejo, vamos diminuir esse sofrimento”, concluiu.
Segundo o ex- secretário de Meio Ambiente e engenheiro agrônomo, Manoel Bernardo, o que está acontecendo na Zona da Mata é uma anormalidade climática, que foge das condições normais registradas há 60 anos. “Estamos enquadrados em situação de seca, estamos com quatro meses sem chuva em União, algo inédito, nunca registrado desde 1935 para cá”, explicou o engenheiro.
Maninho como é conhecido o ex-secretário, disse que as perdas são graves na agricultura e que na Serra Preta, zona rural, não tem água para beber.
O agricultor Fernando Belizário do Sítio Fundo do Surrão pediu socorro às autoridades presentes e disse que já perdeu mais de 300 mil laranjas de sua propriedade. “Dezenas de pedidos de ajuda foram feitos por quem está sofrendo com esse novo sertão”, disse ele.
Após horas de explanação da situação por causa da estiagem, foi aprovada pelos mais de 200 agricultores a Carta Palmares, documento montado com as solicitações da categoria que será encaminhado ao prefeito Beto Baía, que publicará um decreto de emergência no município de União dos Palmares, por causa da seca.
DECRETO SERÁ AMPLIADO
O deputado estadual, João Henrique Caldas, disse que irá pedir ao governador do Estado, Teotonio Vilela, que amplie o decreto de emergência para os municípios da Zona da Mata, para dessa forma chegar ajuda aos municípios. Já o deputado federal, Francisco Tenório, prometeu levar as angústias até a Câmara dos Deputados, para a Comissão de Agricultura, pedindo o apoio do governo federal para os municípios.