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wadson costa
Proprietários de empresas precisam ficar atentos para não cair no golpe do falso boleto. A prática criminosa, que cobra uma taxa referente a uma contribuição institucional que não existe, vem sendo registrada com recorrência em Alagoas e em todo o Brasil.
Para aplicar o golpe, os estelionatários encaminham aos empresários um boleto bancário falso, com o nome de associações comerciais e instituições inexistentes, fazendo alusão a taxas que também não existem. Para aumentar a credibilidade da falsa fatura e confundir a vítima, alguns boletos apresentam artigos da Constituição Federal que citam prováveis punições caso o valor cobrado não seja quitado.
Outra estratégia usada pelos fraudadores é de encaminhar a cobrança com prazo
de vencimento expirado ou preste a vencer. Em uma tentativa de forçar a vítima,
que teme cair em qualquer ilegalidade fiscal, a, primeiro, pagar a fatura para
só depois procurar saber do que se trata.
É o que explica a contabilista
Maria das Graças Cabral, que recomenda aos seus clientes a não pagar nenhum
boleto sem consultá-la. Empresários atendidos pela contadora recebem falsas
faturas com frequência. Geralmente com valores pequenos, para não despertar
desconfiança, mas algumas chegam a cobrar quase R$ 300.
“Este golpe é
algo recorrente e feito com insistência pelos fraudadores. Como o mundo
empresarial há uma série de impostos e taxas, algumas mensais, outras periódicas
é necessário atenção em todo documento que chega e, em caso de dúvida, primeiro
consultar o contador para só depois fazer o pagamento, caso seja necessário”,
diz Maria das Graças.
Em Alagoas, os boletos falsos de cobrança que mais estão em circulação são o da falsa Associação Comercial Empresarial do Brasil, instituição que só existe na internet.
Recomendação
O advogado da Superintendência de Proteção e
Defesa do Consumidor (Procon) em Alagoas, César Caldas, disse que, ao receber um
falso boleto para pagamento, é aconselhável que a pessoa registre a ocorrência
no Procon e até mesmo na delegacia.
“Este procedimento é importante para
resguardar o empresário. Com o registro da ocorrência há a garantia de direitos
preservados em qualquer outra eventualidade que possa surgir. E o mais
importante de tudo é que a fatura não seja paga, pois, ao quitá-la, não há mais
volta do dinheiro”, falou Caldas ao recomendar que as pessoas também guardem o
documento, mesmo sabendo que se trata de uma fatura falsa.
Golpe estruturado
A reportagem do G1
consultou uma das instituições que encaminham boletos falsos para empresários e
constatou que, apesar de estar presente na internet, ela não existe fisicamente
e, assim, não oferece qualquer serviço que possa justificar a cobrança feita via
boleto.
A página na internet é a da Associação Comercial Empresarial do
Brasil. Aparentemente bem estruturada, ela expõe uma série de serviços que não
existem e links para sites semelhantes aos de consulta da Receita Federal e de
outras instituições. Ao tentar contato por telefone através do número expresso
no site da empresa, "não foi possível completar a ligação".
“Este golpe é
antigo e o complicado é que é difícil chegar até os fraudadores porque eles
mudam com frequência de contas bancárias. Além disso, eles usam de todos os
artifícios para convencer a vítima. Portanto, é preciso ficar atento e, em
nenhuma hipótese, pagar este tipo de boleto”, completou Caldas.