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Justiça
18/03/2013 08:57:20

Após quase 10 anos, ex-prefeito e militares serão julgados por sequestro e morte de professor

Após quase 10 anos, ex-prefeito e militares serão julgados por sequestro e morte de professor
Professor Paulo Bandeira

cadaminuto //

 

Terá início hoje, no Fórum do Barro Duro, em Maceió, o julgamento dos acusados de um crime brutal e revoltante. Serão julgados por autoria material e intelectual do sequestro, tortura e morte do professor Paulo Bandeira, em Satuba, 28 km de Maceió, o ex-prefeito da cidade Adalberon de Moraes e os policiais militares Ananias Oliveira Lima e Augusto Santos Silva.

 

O julgamento acontece após quase 10 anos do crime, depois de vários adiamentos e da prisão do ex-prefeito considerado pela Policia Federal, pelo Ministério Público e pela família do professor, como o mandante do crime, por outros motivos, no caso, improbidade administrativa, envolvimento numa máfia de uso de documentos falsos, em São Paulo

A viúva do professor, Cilene Bandeira, falou ao Cadaminuto e mostrou revolta e esperança quanto ao possível resultado do julgamento, emocionada, ainda pede justiça.

 

"Sabemos que a justiça tarda, mas não falha. Não faço ideia do que nos espera nesse julgamento, mas, pedimos que os culpados sejam condenados hoje, sem mais atrasos", disse.

 

Familiares do professor e membros do Sindicato da Educação de Alagoas (Sinteal) fizeram uma manifestação ontem na praia lembrando o caso. A presidente do Sinteal, Célia Capistrano, também falou ao Cadaminuto.

 

"Essa ação deveria acontecer todos os dias, em todos os momentos em que vidas fossem tiradas da forma que aconteceu com o professor Paulo Bandeira, que foi embora tão cedo, deixando um legado, familia, amigos e alunos que tanto precisavam dele. Pedimos justiça", disse.

 

O crime

Segundo relatório da Polícia Federal (PF), Paulo Bandeira foi assassinado por denunciar o desvio de dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), por parte da chefia do Executivo Municipal.

 

Paulo Bandeira desapareceu no dia 2 de junho de 2003, após receber um telefonema de Maria José dos Santos, pedindo que o professor comparecesse à prefeitura. Dois dias depois, o corpo do professor Paulo Bandeira foi encontrado dentro do seu carro, carbonizado e acorrentado, no Povoado Primavera, zona rural de Satuba.

 

No local do crime foi encontrada uma garrafa de álcool, do mesmo lote e marca da escola onde Paulo Bandeira lecionava. Segundo testemunhas, em uma reunião no dia 19 de dezembro de 2002, Adalberon de Moraes teria dado um recado para Paulo Bandeira:

"Paulo, de agora em diante passe a gravar tudo de bom que a escola fizer! Você lembra do Juruna?(Mário Juruna, deputado federal morto em 2002), Ele grava tudo, mas morreu!", disse Adalberon em tom de ironia.

 

Dias antes de ser assassinado, Paulo Bandeira fez uma carta dossiê, e avisou a família, que temia ser assassinado por Adalberon, o que nas palavras do professor: "Desse senhor (Adalberon) pode-se esperar tudo,...).