Um levantamento realizado pela organização "Todos Pela Educação" revelou que a desigualdade no acesso a creches no Brasil está em ascensão. Atualmente, cerca de 2,3 milhões de crianças com até três anos de idade não estão matriculadas no ensino infantil, representando 41,2% do total nesta faixa etária. O estudo, que foi divulgado nesta segunda-feira (11) e se fundamenta em dados do IBGE e do Censo Escolar, destaca que o país ainda está longe de alcançar a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê que 50% das crianças dessa faixa etária sejam atendidas até 2024.
A disparidade no acesso à educação é especialmente notável quando se analisam as diferenças socioeconômicas. Enquanto 60% das crianças pertencentes aos 20% mais abastados da população frequentam creches, apenas 30,6% das crianças das famílias mais pobres têm essa oportunidade. Essa diferença aumentou nos últimos anos, com a discrepância entre esses grupos subindo de 22 para 29,4 pontos percentuais entre 2016 e 2024.
O estudo também identifica as razões pelas quais tantas crianças estão fora das creches. Para 28% das famílias mais carentes, a falta de vagas ou a ausência de uma unidade próxima é a causa principal. Em contraste, apenas 6% das famílias mais ricas citam essa razão. Além disso, a escolha de manter a criança em casa é mencionada por 36,5% dos mais pobres, enquanto entre os mais ricos esse número é de 30%, indicando que a escassez de oportunidades é o fator predominante que leva à exclusão da população de baixa renda.