A Argentina voltou a endurecer as restrições relacionadas ao câmbio para instituições financeiras, em mais um movimento do governo do presidente Javier Milei para tentar sustentar o peso e controlar a inflação às vésperas das eleições legislativas de meio de mandato.
O Banco Central anunciou nesta sexta-feira (29) novas regras que reforçam a supervisão do mercado de moedas e buscam reduzir a volatilidade. A moeda argentina chegou a se valorizar 1,4% após a medida, mas recuou parte dos ganhos e registrava alta de cerca de 0,7% às 11h45, no horário local.
Entre as mudanças, os bancos ficam proibidos de ampliar sua posição diária de câmbio à vista no último dia útil de cada mês em relação ao saldo do dia anterior. O objetivo é evitar operações de balanço que aumentem artificialmente a demanda por dólares no fechamento do período.
Além disso, a partir de 1º de dezembro, os credores terão de respeitar diariamente o limite de posição cambial líquida negativa, substituindo o critério anterior baseado na média mensal. A alteração representa um monitoramento mais rigoroso e contínuo da exposição dos bancos ao câmbio.
Outra medida relevante restringe a compra de moeda estrangeira no mercado à vista no mesmo dia em que vencem contratos futuros, tentativa de reduzir pressões sobre o peso em momentos de maior tensão financeira.
As novas regras se somam a medidas já adotadas pelo governo Milei, como o aumento da parcela de depósitos compulsórios dos bancos comerciais no Banco Central, o que, na prática, os força a absorver mais dívida pública. Essas iniciativas reduziram a liquidez do sistema, mas ajudaram a dar sustentação a uma moeda fragilizada que ameaça reacender a inflação.
O endurecimento das regras ocorre em meio à proximidade das eleições de 7 de setembro na província de Buenos Aires, reduto da oposição peronista e que concentra quase 40% da população argentina. O desempenho do partido de Milei nesse pleito é visto por investidores como um termômetro para medir a aceitação das políticas de choque do governo antes das eleições nacionais de outubro.