O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da televisão aberta e gratuita no Brasil. De acordo com o Ministério das Comunicações, essa tecnologia promete transformar a maneira como os brasileiros consomem TV.
O novo sistema traz maior interatividade, som aprimorado, imagem de alta qualidade e integração com a internet, colocando o país em posição de destaque na radiodifusão mundial. Conhecida como “a televisão do futuro”, a TV 3.0 une a transmissão tradicional de áudio e vídeo ao acesso a serviços online, permitindo o uso de aplicativos, participação em enquetes, acesso a conteúdos extras e até compras diretamente pelo aparelho.
Em 2024, o Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital recomendou a adoção do padrão ATSC 3.0 como base técnica para essa evolução. O decreto presidencial deve oficializar a escolha, além de estabelecer as novas funções e o cronograma de migração, que será gradual, iniciando pelas grandes capitais. A previsão é de que parte da população já tenha acesso à novidade durante a Copa do Mundo de 2026.
Entre as inovações, está a interface baseada em aplicativos, que permitirá às emissoras oferecer, além da programação ao vivo, conteúdos sob demanda, como séries, jogos e programas especiais. Essa mudança recoloca os canais abertos em posição de destaque, aparecendo na tela inicial das televisões ao lado de aplicativos de internet, resgatando o hábito de trocar rapidamente de canal.
Especialistas veem a tecnologia como uma oportunidade de recuperar espaço frente às plataformas de streaming, que nos últimos anos ganharam força e já estão presentes em quatro de cada dez lares com TV no Brasil. Os novos aparelhos da TV 3.0 devem sair de fábrica com um catálogo de canais abertos em destaque e até um botão exclusivo no controle remoto para facilitar o acesso.
No campo público, a novidade vai reunir emissoras educativas e institucionais em uma Plataforma Comum de Comunicação Pública, garantindo mais visibilidade e acesso a serviços digitais diretamente pela televisão. Mesmo em regiões onde não chega o sinal tradicional, será possível assistir ao conteúdo por meio da conexão à internet.
Apesar das vantagens, há desafios: as emissoras terão custos com licenciamento de tecnologia e novos transmissores, enquanto os usuários precisarão adquirir conversores ou televisores compatíveis. Além disso, a falta de internet de qualidade em grande parte do país pode limitar os benefícios. Apenas 22% dos brasileiros com mais de 10 anos têm conectividade satisfatória, segundo dados do Cetic.br.
Ainda assim, o avanço é considerado histórico. A TV 3.0 promete unir a tradição da televisão aberta à modernidade da internet, oferecendo personalização, serviços digitais e novas formas de interação ao público brasileiro.
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