Putin Pronto para Diálogo com Zelensky, mas Questões de Legitimidade Persistem

O líder russo, Vladimir Putin, manifestou sua disposição para um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Contudo, ressaltou que todos os assuntos pendentes precisam ser esclarecidos antes de tal reunião, e levantou dúvidas sobre a legitimidade de Zelensky para assinar um possível tratado de paz, conforme declarado pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, nesta quinta-feira (21).

Na semana anterior, Putin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontraram no Alasca, marcando a primeira cúpula entre Rússia e EUA em mais de quatro anos, onde discutiram formas de encerrar o conflito mais letal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Após as negociações no Alasca, Trump anunciou na segunda-feira que iniciou os preparativos para uma reunião entre os líderes russo e ucraniano, que seria seguida por uma cúpula trilateral que incluiria o presidente dos EUA.

Quando questionado por jornalistas sobre a possibilidade de um encontro entre Putin e Zelensky, Lavrov afirmou: "Nosso presidente reiterou que está disposto a se reunir, inclusive com o senhor Zelensky". No entanto, ele acrescentou que isso dependeria da resolução de questões que exigem consideração em nível elevado, e que especialistas e ministros estariam encarregados de elaborar recomendações pertinentes.

"Além disso, é importante garantir que, quando e se – esperamos que quando – acordos futuros forem assinados, a legitimidade da pessoa que os assina do lado ucraniano seja devidamente considerada", comentou Lavrov.

Putin frequentemente expressa incertezas sobre a legitimidade de Zelensky, cujo mandato está programado para expirar em maio de 2024. Entretanto, a continuidade da guerra impediu a realização de novas eleições presidenciais. A Ucrânia, por sua vez, defende que Zelensky permanece como seu presidente legítimo.

Autoridades russas expressaram preocupações de que, se Zelensky firmar um acordo, um futuro líder da Ucrânia poderá contestá-lo alegando que o mandato do atual presidente já teria se esgotado.

Recentemente, Zelensky declarou que espera uma "resposta robusta" de Washington caso Putin não esteja disposto a participar de um encontro bilateral.

Guerra ou Paz?

Líderes europeus têm se mostrado céticos quanto ao real interesse de Putin em alcançar a paz, enquanto buscam métodos confiáveis que garantam a segurança da Ucrânia em um possível acordo de paz com a mínima intervenção dos EUA.

Lavrov comentou que é evidente que nem a Ucrânia nem os líderes europeus estão comprometidos com a paz. Ele acusou a chamada "coalizão dos dispostos", que inclui potências europeias como Reino Unido, França, Alemanha e Itália, de tentarem obstruir os avanços feitos durante as discussões no Alasca.

"Eles não estão interessados em um acordo que seja sustentável, justo e de longo prazo", afirmou Lavrov em relação à Ucrânia, alegando que os europeus visam a derrota estratégica da Rússia.

"Os países europeus seguiram Zelensky até Washington, tentando promover sua agenda lá, que busca garantir que as garantias de segurança se baseiem na lógica de isolar a Rússia", referindo-se à reunião realizada na segunda-feira entre Trump, Zelensky e líderes de potências europeias na Casa Branca.