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21/08/2025 16:00:00

Fundação Palmares: 37 Anos de Luta pela Cultura Negra

João Jorge Rodrigues destaca a urgência de reconhecimento e políticas públicas para a população afro-brasileira

Fundação Palmares: 37 Anos de Luta pela Cultura Negra

A Fundação Cultural Palmares celebra, neste dia, 37 anos de sua existência, com um alerta do seu presidente, João Jorge Rodrigues: o Brasil não pode continuar a desconsiderar o valor da história e da cultura afro-brasileira sem enfrentar sérias repercussões sociais, econômicas e políticas. Essa declaração foi feita durante uma entrevista ao Podcast do Correio, conduzida pelas jornalistas Aline Gouveia e Jaqueline Fonseca. Fundada em 1988, a instituição é fruto da mobilização do movimento negro, que denunciava a exclusão e as desigualdades persistentes, mesmo um século após a abolição da escravidão.

João Jorge revela que, no momento da criação da fundação, havia uma forte pressão social, uma vez que o fim da escravidão no Brasil era visto como incompleto e a população negra continuava a enfrentar as piores condições sociais. Contudo, segundo ele, essa realidade mudou pouco em quase 40 anos. 'Ou o Brasil enfrenta essa questão agora, ou arcará com as consequências no futuro', adverte.

A missão da Palmares foi estabelecida com o intuito de proteger os territórios quilombolas, valorizar as tradições religiosas de origem africana e promover a visibilidade da história negra no país. João Jorge enfatiza que a fundação foi criada como uma resposta para corrigir uma injustiça histórica. Ele ressalta que o Brasil abriga a maior população negra fora da África, mas ainda enfrenta índices alarmantes de desigualdade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os negros representam mais da metade da população, mas enfrentam as mais altas taxas de pobreza, violência e desemprego. Essa situação, conforme observa, é uma consequência direta do racismo estrutural.

João Jorge também destaca que a falta de colaboração entre os ministérios e o enfraquecimento das políticas públicas agravam essa situação. 'Nos últimos anos, isso se perdeu. Agora, estamos em um processo de reconstrução', afirma.

Desde que assumiu a presidência, ele priorizou a recuperação da estrutura da fundação e a valorização da equipe. Entre as primeiras iniciativas, menciona a preservação do acervo da biblioteca, que estava em risco. Outra ação implementada foi a inauguração da nova sede, localizada no Setor de Autarquias Sul, em Brasília. 'Brasília não possuía um centro cultural afro. Agora, possui', enfatiza. O espaço dispõe de auditório, áreas para exposições, uma biblioteca digital e ambientes voltados para a juventude.

A fundação também está desenvolvendo projetos para digitalizar acervos, promover a inclusão digital em comunidades tradicionais e aumentar o apoio à cultura afro-brasileira. Para João Jorge, a proposta vai além da preservação da memória: envolve a criação de oportunidades em educação, emprego e geração de renda.