Gazetaweb - Nos desdobramentos da Operação
Taturana, que apurou desvios na ordem de R$ 302 milhões da Assembleia
Legislativa de Alagoas, o então deputado Cícero Ferro foi condenado pela
Justiça Estadual, em 2012, ao pagamento de multa civil no valor de R$ 1,4
milhão. Ele estava recorrendo da sentença.
Ao todo, 15 indiciados nesta ação tiveram que devolver mais de R$ 4,2 mil
por operações irregulares de empréstimos envolvendo as contas do Poder
Legislativo.
A condenação do grupo foi decidida pelos juízes que compunham a
força-tarefa constituída pelo Tribunal de Justiça de Alagoas com o objetivo de
desafogar as ações de improbidade administrativa.
As condenações eram compostas por sentenças, proferidas em ações
distintas: uma diz respeito a operações de empréstimo referentes ao Banco
Bradesco Prime e a outra, às operações realizadas no Banco Rural.
Na primeira, as operações envolviam os deputados, nominalmente, e tinham
como garantia recursos públicos. Na segunda, as operações envolviam cheques da
própria Assembleia, beneficiavam os deputados e deveriam ser quitados com a
verba de gabinete.
Na primeira, o valor definido na sentença judicial era de R$ 2.290.271,80;
a metade referente à multa civil imposta pela Justiça a Cícero Ferro. O total a
ser devolvido pelos sentenciados que constam da segunda ação era de R$
1.976.966,27.
"PIADA"
Ano passado, Ferro e mais 22 pessoas, sendo testemunhas do processo e acusados,
foram convocadas a prestar esclarecimentos à Justiça por irregularidades
detectadas na Assembleia Legislativa. Na época, o ex-deputado classificou como
uma piada as suspeitas que recaiam sobre ele.
"Dizem que a Assembleia Legislativa desviou R$ 300 milhões em quatro
anos. O duodécimo da Assembleia era R$ 7 milhões por mês e se somar os quatro
anos daria R$ 334 milhões. Como é que a Assembleia pagava as despesas, nunca
atrasando e ainda desviava? Isso é uma grande piada. Nunca existiu isso",
disparou, quando foi questionado pela imprensa.
De acordo com o ex-parlamentar, o Banco Rural nunca pagou um cheque dado
pela ALE. Ele explicou que os deputados fizeram um convênio com o banco para
que pudesse tirar um empréstimo. E confirmou que fez empréstimo e dava o cheque
como garantia. Explicou que o deputado prestava conta da sua verba de gabinete
e o dinheiro fazia o que queria quando estivesse na conta. E garantiu que nunca
foi descontado um cheque para pagar empréstimo de deputado.
Ele também desafiou o MPE para que apresentasse o extrato do Banco Rural que contém os cheques que foram descontados.