com gazetaweb // janaina ribeiro - porlianne santos e dulce melo
A tarde desta quarta-feira (3) foi marcada por uma tragédia para a família do jovem Joel Noé de Andrade, de 23 anos. O estudante, que segundo a família sofria de problemas psiquiátricos, distribuiu bombas caseiras pelo corpo e explodiu a si próprio durante uma crise nervosa. O fato ocorreu na casa de Edvaldo Andrade (tio da vítima), na Rua Ivan Volven, localizada no Farol, em Maceió.
De acordo com informações do sargento Rômulo Barros, do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM), ao perceberem o estado agressivo em que se encontrava a vítima, familiares acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para que Joel pudesse receber cuidados médicos. “Como ele estava muito nervoso, o Samu pediu apoio à nossa guarnição. Ao entrarmos na residência e sermos avistados por Joel, ele colocou a mão no peito e detonou o explosivo”, contou o sargento.
Ainda segundo o militar, devido à explosão, dois policiais foram atingidos por estilhaços da bomba e por pedaços de ossos do jovem. “Eles ficaram feridos e precisaram ser encaminhados ao Hospital Geral do Estado (HGE), com escoriações na perna e nas mãos. Uma das costelas do Joel ficou presa na perna de um soldado. Em vinte anos de profissão nunca vi uma coisa desta. Foi muito triste”, disse Rômulo Barros.
O que diz a família
O radialista Elísio Silva, primo da vítima, disse que desde pequeno Joel tinha um comportamento ‘esquisito’, mas, apesar das 'pertubações', era considerado, por toda a família, um garoto 'inteligente'. "Ele concluiu recentemente o Ensino Médio e estava tentando vestibular", acrescentou.
O radialista disse também que o jovem já havia sido internado numa clínica psiquiátrica, mas que conseguira fugir e voltar para a casa da mãe, que reside no bairro de Cruz das Almas. "A família toda estava tentando convencê-lo a se internar novamente, mas não obtivemos êxito”, explicou.
O primo também confessou que a família não tem ideia de como o jovem conseguiu a bomba caseira. "Não tomamos conhecimento de como ele adquiriu essa bomba, mas, como era muito inteligente e pelas informações preliminares da perícia, acreditamos que o Joel possa tê-la confeccionado", disse Elísio Silva.
A mãe de Joel de Andrade, cujo nome não foi revelado pela polícia, não quis conversar com os jornalistas. Para poupá-la de mais sofrimento, ela foi proibida de entrar na casa onde estava o corpo do filho e, durante toda a tarde, chorou muito e se questionava sobre o porquê da tragédia.
Outros parentes da vítima também não quiseram dar entrevistas e pediram aos vizinhos que não conversassem com a imprensa sobre o suicídio.
Mais explosivos
Junto ao corpo de Joel de Andrade, o Bope encontrou uma bolsa que continha dezenas de outras bombas. "Talvez ele estava pensando em fazer até algo maior, que provocasse ainda mais destruição em seu corpo", disse Elísio Silva, ao sair da casa onde estava o corpo do primo.
Por volta das 17h o corpo do estudante foi retirado da casa dos tios e levado para o Instituto Médico Legal.