com tudonahora // josenildo torres
Alagoas precisa de mais 74 delegados para ajudar na conclusão dos mais de três mil inquéritos que hoje estão parados. Essa é a constatação de um relatório realizado pela Associação dos Delegados de Alagoas (Adepol). Segundo a Corregedoria da Polícia Civil (PC), há inquéritos abertos desde 1988.
Segundo a Adepol, a não conclusão de inquéritos tem relação direta com o número insuficiente de delegados para presidir os inquéritos. “Os delegados já trabalham além da sua carga horária e, na maioria das vezes, há uma extrapolação das 40 horas semanais, o que dificulta as investigações”, disse Lessa.
Por conta desta situação, ainda de acordo com o presidente da Adepol, já há uma ação judicial no sentido de cobrar as horas extra que a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) estaria "devendo" aos delegados alagoanos. “Uma investigação tem hora para começar, mas não tem hora para terminar e, como não dispomos de delegados em número suficiente, há uma extrapolação natural da carga horária”, detalhou.
Outro lado
Procurado pelo Tudo na Hora, o delegado geral da PC alagoana, Marcílio Barenco, admitiu os números apresentados pela Adepol, mas garantiu que existe um mutirão em andamento para concluir os inquéritos pendentes. “Realmente o número é enorme e salta aos olhos, mas mostra que não havia fiscalização dos inquéritos nas gestões anteriores”, alfinetou.
Quanto à falta de delegados, Barenco também confirmou que faltam 74 delegados, além de acrescentar que há um déficit de 250 escrivães e 2.500 agentes policiais. “Realmente temos um déficit, mas já temos a garantia do governador Teotonio Vilela Filho que haverá concursos público quando a Lei de Responsabilidade Fiscal permitir”, revelou, ao garantir que, com a contratação de estagiários, “os 200 policiais que estão trabalhando internamente na Direção Geral da PC deverão voltar às delegacias para realizar investigações”.
Homofóbicos
E um exemplo da morosidade da PC na conclusão dos inquéritos pode ser verificado quanto à elucidação de crimes contra homossexuais. Somente entre janeiros de 2009 e 2010, 17 crimes contra eles foram praticados no Estado e nenhum deles foi elucidado, segundo o Grupo Gay de Alagoas.
Diante a falta de agilidade na elucidação dos crimes homofóbicos, o presidente do GGAL, Teddy Marques, pediu a criação de um Disk Denúncia contra crimes homofóbicos. Testemunhas hoje podem ligar para o 3221–3955, onde são coletas informações sobre crimes e agressões físicas, que são repassadas ao Ministério Público.
De acordo com Teddy Marques, os crimes contra homossexuais são movidos pela impunidade. Segundo ele, nenhum dos crimes ocorridos nos 12 últimos meses foram elucidados. "Os crimes contra homossexuais acontecem porque quem tem intolerância, tem também certeza da impunidade, que aumenta diante da inércia das autoridades de segurança pública de Alagoas", declarou.