com gazetaweb // dulce melo, wanessa oliveira e janaina ribeiro
O Serviço de Inteligência da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), com reforços do Tático Integrado do Grupamento de Resgates Especiais e do 10º Distrito Policial, prendeu, no início da tarde desta segunda-feira (28), Everaldo Pereira dos Santos, o ex-PM Everaldo, pai da menina Eloá, que foi sequestrada e morta pelo namorado no final do ano passado. Neste momento ele presta depoimento à direção-geral da Polícia Civil.
Everaldo Pereira estava foragido desde 1993 - ano em que foi expulso da Polícia Militar por deserção - e foi encontrado em uma chácara nas imediações do conjunto Eustáquio Gomes. Após ser efetuada a prisão, o ex-militar foi conduzido diretamente para a sede da Polícia Civil de Alagoas, que fica no bairro de Jacarecica.
Mesmo foragido, o ex-militar, acusado de integrar a Gangue Fardada, foi condenado, no dia 07 de novembro deste ano, a 33 anos, três meses e 23 dias de prisão, em regime fechado, por envolvimento no assassinato do delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa e do motorista do delegado, Antenor Carlota. Além de Everaldo, também foi condenado pelo mesmo crime Cícero Felizardo dos Santos,conhecido como Cição, que já cumpre a pena no presídio Cyridião Durval. O julgamento foi presidido pelo juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital e aconteceu nas nas dependências da Faculdade de Direito do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac), na rua Íris Alagoense, bairro do Farol.
O duplo-homicídio ocorreu em outubro de 1991, época em que o delegado investigava um crime ocorrido na Unidade de Emergência e que tinha como principal suspeito o grupo ligado ao ex-tenente coronel PM Manoel Cavalcante, acusado de ser o 'líder' da gangue fardada.
No dia do julgamento, o magistrado Geraldo Amorim afirmara, ao fazer a leitura do veredito, que "a vida pregressa dos réus é péssima, de conduta reprovável e que eles usavam da farda e abusavam dela, atentando contra a sociedade alagoana", disse o juiz.
E concluiu a sentença falando sobre a motivação dos assassinatos: "O delegado Ricardo Lessa foi morto porque teve a coragem de investigar as atrocidades da maior organização criminosa do nosso Estado, denominada de gangue fardada, composta de maus policiais militares. Além do crime contra o diretor geral da Polícia Civil daquela época, o que foi uma desmoralização para a segurança pública, Everaldo e Cícero Felizardo demonstraram que a violência era generalizada"- relatou.
Coletiva
Após o interrogatório de Everaldo Pereira, a cúpula da Polícia Civil fará uma coletiva para apresentar o ex-militar.
Reaparecimento do ex-militar
Everaldo Pereira dos Santos foi descoberto pela polícia depois que a mídia nacional acompanhou o sequestro, seguido de morte, da jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, filha do ex-militar, que foi baleada na cabeça no dia 17 de outubro do ano passado, após passar cem horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves, em Santo André, na Grande São Paulo.
O ex-cabo passou mal depois de acompanhar as tentativas de negociação entre a polícia paulista e Lindemberg Alves. Ele foi atendido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, durante a exibição das suas imagens em rede nacional, ele foi reconhecido por policiais civis alagoanos.
Outros crimes
O ex-cabo também responde a acusação de ter assassinado a tiros Celso José Dias, no dia 4 de maio de 1990, no município de Novo Lino (AL) e de ter matado a ex-mulher, Marta Lúcia Alves Vieira, cujo corpo foi encontrado partido ao meio, na horizontal, na cidade do Pilar, em 1993, horas depois de ter se encontrado com Everaldo Pereira. A polícia ainda investiga se ela teria sido morta como 'queima de arquivo', já que acompanhou a vida do ex-militar quando ele era acusado de envolvimento na gangue fardada.