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23/12/2009 00:00:00

Saúde

Saúde

com cadaminuto n// emanuelle oliveira

Para a maioria das pessoas as festas de fim de ano simbolizam renovação e despertam sentimentos de fraternidade e perdão. Mas, algumas demonstram reações depressivas e casos da doença se agravam nessa época. A reunião familiar remete novamente aos sofrimentos vividos no ano que está acabando como a morte de pessoas queridas, o fim de um relacionamento ou os planos não cumpridos.

Nesta época do ano, as pessoas costumam se cobrar mais e se questionam por não terem alcançado um objetivo. Assim, a ansiedade e a culpa geram estresse e contribuem para o agravamento do quadro depressivo, ocasionado por questões psicológicas e ambientais.

 Especialistas acreditam que apesar de não existir uma forma direta de intervir nos estressores, há medidas consideradas preventivas, como a reestruturação cognitiva, que ajuda o paciente mudar a maneira de pensar e lidar com as adversidades.

O consumismo exacerbado, incentivado pelas lojas e que leva milhares de pessoas ás compras pode ser outro fator agravante da depressão, pois se não houver condições financeiras para a celebração natalina, que tradicionalmente conta com um ceia e ainda, a compra de presentes ou até mesmo de roupas novas algumas pessoas se sentem tristes e inferiorizadas.

O tratamento da depressão combina a psicoterapia e medicamentos que combatem os sintomas emocionais e físicos, como fadiga, alteração de peso e sono, dores de cabeça, entre outras. É o caso da duloxetina, que balanceia os níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro, neurotransmissores responsáveis pelo aparecimento dos sintomas.

O psicólogo Laerte Leite explicou que a depressão pode se manifestar em alguns momentos da vida, apesar da doença ser um processo e se instalar sem a pessoa perceber. Ele afirmou que na celebração natalina e no reveillon, algumas pessoas ficam olhando para trás e se lamentando pelo que não realizaram, enquanto outras fazem novos planos.

“Boa parte das pessoas quer um novo amor ou até deixar de fumar. Mas, há aquelas que têm traumas anteriores e a manifestação da depressão depende do temperamento. Os idosos vivem do saudosismo, perdem memórias e alguns são considerados produtivos, mas outros participam de grupos de dança e aproveitam a vida. O homem age com a razão, já a mulher é voltada para o sentimento, sofre mais e tem disfunções hormonais”, ressaltou o psicólogo.

Ele destacou que é mais fácil para aqueles que estão ao redor perceberem a depressão, do que para o próprio doente. “A pessoa perde a vontade de fazer aquilo que gosta e até o interesse sexual em função de um fato novo e traumático. A morte de alguém é mais facilmente superada do que a separação de um casal, que é uma mudança existencial e deixa coisas mal resolvidas”, destacou.

Leite afirmou que atualmente, tanto homens quanto mulheres enfrentam problemas vindos de separações conjugais e precisam de medicamento para superar os traumas. “Antigamente, era o homem saia de casa, mas a mulher se tornou independente e ambos sofrem quando se separam. A recuperação depende do ambiente familiar e o primeiro passo é a percepção da doença por parte de quem está em volta”, lembrou.

“É fundamental olhar para frente. Essa é a única solução e é preciso fazer projetos reais. Não adianta usar roupa branca e ficar se lamentando porque deixou de cumprir alguma promessa. Se quiser algo, priorize e reveja seus planos e o que você deve fazer para eles se realizarem”, afirmou Leite.

A jornalista Cristiane Patrícia, 26, contou que se sente triste durante as festas de fim de ano, que para ela têm mais a ver com o consumismo do que com a celebração familiar. Cristiane disse que costuma se reunir com a família e que apesar de comprar roupas no final do ano não sabe como surgiu a tradição. “Se uma criança não tiver presente e roupa nova vai ficar triste, pois não se prega o real sentido do natal”, afirmou.

“Compro algumas coisas porque preciso, o capitalismo ás vezes impõe e acho que as pessoas mais pobres só compram roupas nesses períodos de festas. Recentemente, estava bem chateada com essas coisas porque por mais que a gente saiba o quão é fútil gastar dinheiro nessa época do ano, ficamos tristes quando não podemos comprar nada”, contou ela.

Cristiane afirmou que no final de cada ano muitas pessoas fazem uma retrospectiva da vida e por isso a depressão aumenta quando se constata que um projeto não foi realizado. “Não chego a fazer uma lista do que preciso realizar, mas até acho que deveria, as coisas ficam mais organizadas quando estão no papel. Meu sonho é fazer um intercâmbio fora do país ou uma pós-graduação. Vou começar a pensar mais nisso”, destacou.

Já para o editor de imagens Herberth Lisboa, 34, as festas de final de ano, principalmente o natal, trazem boas lembranças da infância. “Eu sempre fico feliz, só não gosto desejar feliz natal para as pessoas, fica um clima de falsidade. No reveillon fico pensando como vai ser o próximo ano, se minha família vai estar reunida ou se vai faltar alguém. Meu aniversário é no dia 2 de janeiro e comemoro tudo junto. Depois de 14 anos, este vai ser o primeiro final de ano que passarei solteiro”, revelou ele.



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