com gazetaweb // janaina ribeiro - Fonte G1
Apesar do surto ser na Bahia, um estado aqui da região Nordeste, Alagoas não está preocupado com o alastramento da meningite que já fez 94 casos do tipo meningocócica em Salvador, com 23 óbitos. Aqui no estado, a Secretaria Estadual de Saúde continua investindo no programa de prevenção à doença e alerta para os cuidados que deve m ser tomados na hora da constatação dos sintomas.
O estado até já registrou alguns casos de meningite tanto na capital, quanto no interior, mas os números não são alarmantes e estão sendo considerados isolados. De acordo com a coordenadora da Superintendência de Vigilância à Saúde, Sandra Canuto, existe o risco da doença que virou surto em Salvador chegar até aqui, mas as chances ainda são pequenas.
“Hoje a facilidade de ir e vir de outros estados é muito grande. Pode acontecer de algum alagoano ir á Bahia e ser contaminado pelo vírus, entretanto, não é simplesmente pelo contato com um paciente doente que o visitante vai contrair a meningite. Se a pessoa tiver uma boa saúde, terá imunidade suficiente para que o vírus não penetre. Do contrário, se ela estiver debilitada, aí sim, poderá ser alvo fácil”, explicou Sandra Canuto, que também é pediatra.
A coordenadora também informou que o estado disponibiliza a vacina de prevenção para pacientes que tiveram contato com doentes vítimas de meningite bacteriana.
Surto em Salvador
Nos últimos três dias, duas crianças do bairro Caixa d’Água, na capital Salvador, morreram com meningite meningocócica. A primeira vítima foi um garoto de 9 anos, que veio a óbito, na noite desta segunda-feira (23), depois de ter mantido contato, na semana passada, com uma criança de 7 anos, que morreu com a doença no domingo (22).
Os moradores do bairro já protestaram contra o surto de meningite que assola a cidade. Na manhã desta terça-feira (24), eles saíram em caminhada pelas ruas do bairro cobrando mais ações de saúde do Município. Ontem, eles atearam fogo em pedaços de madeira e bloquearam o trânsito em uma das principais avenidas da região.
Somente neste ano, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram registrados 94 casos de meningite meningocócica em Salvador e 23 óbitos.
Em todo o estado os números são ainda maiores. Foram 1.287 casos.
O que é a doença
A meningite é uma doença que se caracteriza pela inflamação das meninges - membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. É uma doença infecto-contagiosa que pode ser causada por fungos, vírus e bactérias. Estas últimas, podendo se manifestar por meio de meningococo – caso mais grave - e pneumococo.
Na atual estação, primavera, é mais comum o aparecimento de casos de meningite viral, como acontece na Bahia. A meningite por fungo é mais freqüente em pessoas imunodeprimidas, como portadores de AIDS e pacientes que se submeteram a quimioterapia. Já o maior número de casos de meningite bacteriana é registrado no inverno, período do ano em que as pessoas passam grande parte do tempo aglomeradas em ambientes fechados.
Sintomas
A meningite pode manifestar-se em qualquer pessoa. É mais grave, porém, em crianças, cujas defesas orgânicas ainda estão em formação, e em idosos, pelo fato de sua imunidade estar em declínio.
Os sintomas básicos são febre alta, mal-estar, dor de cabeça, vômitos e rigidez na nuca. Nos casos mais graves, pode haver também convulsões. Ainda é comum em crianças o choro intenso. Segundo especialistas, quando percebidos os sintomas, a recomendação imediata é procurar um médico. Se o tratamento não for aplicado rápido, a inflamação aumenta progressivamente, comprimindo os tecidos cerebrais e destruindo-os. E as primeiras consequências das sequelas são, além da paralisia, surdez e alterações de percepção.
Nas meningites virais, só nos casos de maior gravidade, o paciente precisa ficar internado até a cura. Não existem tratamentos específicos, por isso, a importância do diagnóstico precoce. O organismo das pessoas comuns, saudáveis, reage e neutraliza a ação viral. “Não existe um tratamento próprio para esse tipo de caso e a profilaxia é à base de soro e medicamentos como antitérmico e analgésico. Geralmente o paciente é curado”, explicou a coordenadora.
Caso mais grave
Todos os portadores de meningite bacteriana, ao contrário, devem ficar internados em hospital, porque existe o risco de provocar infecção generalizada e até matá-los.
“Estamos falando da meningite meningocócica, causada pela bactéria meningococo. É o caso mais grave e só é tratado com antibiótico. Se a doença for descoberta cedo, melhor é o prognóstico. Há maiores chances do paciente sobreviver. Se isso não ocorrer, as conseqüências aparecem rápido, a exemplo de edemas no cérebro e aumento da sua pressão”, acrescentou Sandra Canuto.
O tratamento da meningite meningocócica geralmente dura entre 10 a 14 dias.