com tudonahora // carlos madeiro
Cinco anos após o assassinato do filho, o aposentado Sebastião Pereira ainda aguarda que o poder público dê o direito a ele enterrar os restos mortais do filho. O problema é que o corpo Carlos Roberto Rocha Santos, 31 anos, assassinado em agosto de 2004, foi enterrado como indigente no cemitério Divina Pastora, em Maceió, e simplesmente desapareceu do local indicado do seu enterro.
O diretor do Instituto de Medicina Legal de Maceió (IML), Kleber Santana, alega que, embora o local tenha sido indicado pela então direção do cemitério, as buscas pelo corpo dele nunca tiveram sucesso. De 2007 até o mês passado, 83 corpos já foram exumados do cemitério (o que representa metade do espaço destinado aos indigentes do cemitério), mas nenhum deles se tratava de Carlos. Outra série de exumações terá início nos próximos dias.
“Estamos com todos os esforços para encontrar esse corpo. Das seis ruas com indigentes enterrados já exumamos os corpos de três delas, a última delas há cerca de 30 dias. Outra rua terá os corpos exumados em breve. Vamos fazer essa última tentativa até produzirmos um relatório mais detalhado do caso. Se a Justiça entender que devemos continuar com as buscas, iremos”, afirmou.
O diretor do IML ainda alega que a explicação para tamanha dificuldade em encontrar o corpo pode estar relacionada à desorganização na catalogação utilizada anteriormente pela gestão do cemitério. “Até 2006, o corpo era mandado para o cemitério e pronto. Não havia catalogação por parte do IML. Era uma situação complicada. Hoje, temos um catalogo com todos os dados dos corpos enterrados”, garantiu.
Segundo o Sebastião, o corpo do filho dele ficou 15 dias no IML e, como a família não teria aparecido, a opção foi enterrar o corpo no cemitério de indigentes - versão contestado por ele. “Dois dias depois da morte comecei a ir ao IML, e nunca me deixaram ter acesso aos corpos, nem os meus outros filhos. Quinze dias depois soube que enterraram meu filho como indigente. Tenho até o local: foi na rua 11, cova 25. Mas não estava lá. Somente em 2007 eu soube dessa história, por meio de uma denúncia anônima. Até então, o IML me negava que o corpo passou por lá”, contou ele, que nesta terça-feira foi às ruas do Centro de Maceió com as fotos tirados no IML para protestar. “A população precisa saber o que aconteceu com o meu filho”, afirmou.
Morte
Segundo Sebastião, seu filho foi sequestrado de dentro de casa no dia 11 de agosto de 2004 por quatro bandidos. “Em seguida, ele foi levado para a via por trás a Coca-Cola [no Tabuleiro] e lá metralharam ele com 21 tiros”.
“Há cinco anos venho batendo portas e portas e portas das autoridades. Estou aqui, mas não sei se vou voltar para a minha residência. Dos quatro condenados pelo crime, três já estão soltos, prontos para me matar, ou alguém da minha família, ou qualquer outra pessoa”, desabafou.
Segundo Sebastião, o mandante do crime - pronunciado pela Justiça - teria sido o atual vereador Luiz Pedro, que nega participação no assassinato.